Em luta, meu ser se parte em dois. Um que foge, outro que aceita. O que aceita diz: não. Eu não quero pensar no que virá: quero pensar no que é. Agora. No que está sendo. Pensar no que ainda não veio é fugir, buscar apoio em coisas externas a mim, de cuja consistência não posso duvidar porque não a conheço. Pensar no que está sendo, ou antes, não, não pensar, mas enfrentar e penetrar no que está sendo é coragem. Pensar é ainda fuga: aprender subjetivamente a realidade de maneira a não assustar. Entrar nela significa viver .
Sôfrego, torno a anexar a mim esse monólogo rebelde, essa aceitação ingênua de quem não sabe que viver é, constantemente, construir, não derrubar. De quem não sabe que esse prolongado construir implica em erros, e saber viver implica em não valorizar esses erros, ou suavizá-los, distorcê-los ou mesmo eliminá-los para que o restante da construção não seja abalado”. Caio Fernando Abreu in O Inventário do Ir-remediável .
o Caio é foda!
(sentiu a intimidade hein. – hihihihi)
De tanto ler esses trechos que você posta aqui comecei a pensar que lá nos meus anos de faculdade nos anos 80 (lindos anos) eu li Caio Fernando Abreu. Eu sabia que a qualquer hora, em alguma gaveta não muito usada, um livro dele ia surgir. E foi dito e feito. procurando esses dias umas fichas antigas numas gavetas no consultório me deparei com quem? com um velho, amarelado livro editado pela brasiliense: Morangos mofados. Estou relendo. E aqueles contos me parece ter poderes de máquina do tempo. Ah anos oitenta!
Um beijo,
Dauri
pensando assim(ou não pensando) até que tenho vivido bem, errado muito, e eliminando os erros tantas vezes…
saudades de você…