Editoras investem na fórmula do audiolivro e criam tendência de mercado
Por Adriana Prado
Capitu traiu ou não traiu Bentinho? Só quem ler (ou ouvir) Dom Casmurro, de Machado de Assis, poderá dar palpite. Isso mesmo: ouvir. A história de um dos casais mais famosos da literatura brasileira já virou audiolivro, assim como os enredos de alguns dos mais procurados livros nacionais e estrangeiros. Esse segmento representa 10% das vendas nos EUA e no Brasil ainda costuma ser associado à Bíblia lida por Cid Moreira. Mas, ao que parece, por pouco tempo. A Ediouro investiu mais de R$ 1 milhão na criação do Plugme, selo pelo qual serão lançadas versões em áudio de best sellers de seu catálogo e também de outras editoras. De A vida como ela é, de Nelson Rodrigues, a Alô, chics!, de Gloria Kalil, 17 títulos foram narrados por atores famosos, como Paulo Betti, José Wilker e Milton Gonçalves, ou pelos próprios autores. Trata-se apenas da primeira leva, que em agosto estará disponível em CD ou em arquivos para download.
A Audiolivro é outra editora que aposta nos mais vendidos, como O caçador de pipas, de Khaled Hosseini. Os selos menores disputam esse promissor mercado com obras de domínio público e, no momento, não existe autor mais em alta que Machado de Assis. Dom Casmurro, por exemplo, ilustra as vantagens da nova mídia: no formato tradicional, o romance tem 300 páginas, mas pode ser ouvido em apenas seis horas. “Quem consegue ler quatro livros por mês? Mas é fácil ouvir um audiolivro por semana, só com o tempo que se perde no trânsito”, diz Patrick Osinski, diretor do Plugme. Tanta facilidade seria um desestímulo à leitura? Os editores garantem que não. “Ao ouvir uma história e gostar dela, o ouvinte vai querer conhecer mais. E há coisas que você só alcança lendo o livro”, diz Sandra Silvério, dona da Livro Falante. O escritor Luis Fernando Verissimo concorda: “A literatura começou via oral, com histórias contadas e não escritas. O audiolivro inclui cegos, idosos e analfabetos. Sou a favor.” Suas crônicas reunidas em As mentiras que os homens contam serão lançadas em áudio pelo Plugme, na voz do ator Bruno Mazzeo.
Os textos normalmente são lidos na íntegra. No caso de Memórias póstumas de Brás Cubas (Livro Falante), também de Machado de Assis, o repórter do programa Custe o que custar, Rafael Cortez, recorre ao seu violão para interpretar dois capítulos do livro que só trazem sinais de pontuação: “Narrar Machado de Assis é sempre muito difícil, mas esse livro em particular foi um desafio maior. Os períodos são longos e há muitas expressões estrangeiras.” Como se trata de um dos romances mais bem escritos da literatura brasileira, meio caminho já está andado.
Fonte: IstoÉ
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