Ela recebeu um e-mail dizendo que enfim era sexta-feira e suspirou aborrecida. Qual é a diferença que tem o final de semana do resto da semana se tudo é igual. A mesma casa, as mesmas roupas, as mesmas manias. O olhar cansado perdendo-se em qualquer direção nas paredes, no chão, na imagem da TV ligada, sempre ligada. Em qualquer lugar menos nos outros olhos ansiosos por esse encontro. As mãos tocam o corpo, mas é brincadeira, é toque costumeiro, é o toque da comodidade que se toca porquê é assim que tem que ser, porquê disseram que um casal tem que se tocar de vez em quando. E então o suspiro, as frases desconexas, o vazio, o papo cotidiano que só gira entre o trabalho e aquele vizinho estranho. E se arrumam pra sair juntos, mas não há diálogo, os olhares se perdem. Os dele em algo interessante, mais interessante que ela. Os dela no chão, na parede, em outro casal que ri apaixonado, os olhos enchendo de lágrimas disfarçadas. Ela lê muito, tentando suprir a carência afetiva no romance dos personagens. Ele assiste muita TV, tentando se distrair da vida que não era enfim a que ele sonhara. E sorriem para os amigos, os familiares, dão as mãos, se abraçam em público inventando que aquilo é verdade. Acreditando que é verdade para passar mais uma noite vazia, cada um em seu mundo, cada um em seu canto da cama. Ela vê um filme sozinha no escuro, e deseja ser a mocinha da tela que ri deliciosamente e sai pra dançar e se divertir com o mocinho. Ele vai até o computador pensando que tudo que mais queria era estar num bar com os amigos, bebendo e rindo. Ela se sente feia, desajeitada, gorda e pouco atraente quando se troca escondida no banheiro com medo que ele a veja. Ele se sente vazio, seco, cansado e preocupado com as contas e nem nota quando ela passa com um pijama novo. Ela chega perto dele e lhe dá um beijo de boa noite, ele responde, mas está tão perdido nos próprios problemas que não nota que ela ficou esperando algo mais. Então ela se vira e dorme, e ele continua assistindo TV até adormecer também. Cada um em seu canto da cama.
{ Lyani } 08/06/2007
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Que terror OO
Por isso não casarei nunca. E se acaso vier a casar, o que vai ser extremamente idiota da minha parte uma vez que eu tenho mais que “bons” exemplos de casamentos como esse que descreve, enfim, se acaso vier a casar vou me esforçar de todo o meu espirito, alma, anima, coração e sei lá mais o que move essas cascas que chamamos de corpos, vou fazer de tudo para que não caía nessa rotina.
E quando minha mulher estiver cansada das minhas maluquices e infantilidades (porque eu sou, de fato, muito chato e infantil) e vier me falar de separação…
Bom, aí pelo menos vou poder dizer que nós não caímos na rotina >.<
Ao próximo o/
Ola gostaria de adicionar seu site nos meus favoritos pois gostei mto se quiser de uma conferida no meu e me autorizar agradeço
Obrigada
Isso é bem comum, mas eu ainda acredito nas exceções.
E espero que eu seja uma delas. Rs.
Beijo!
Acho que todos nós passamos por isso….quem não passou vai passar….e sempre tem um que sofre mais…..bem mais…
No momento até desses dessabores tenho sentido falta….será que esse gosto amargo passa????
Não sei….mas estou tentando…
Parabéns! Descrição perfeita de uma relação….da minha relação….por isso me identifiquei com vc: vc me entende sem me conhecer…
Bjos
Chamo isso de comodismo
Você não é infeliz, mas acredita que um dia o outro vai se tornar a pessoa dos seus sonhos… só que também não faz nada pra ajudar
Não há diálogo, nem profundidade
Sexo mecânico
Comida sem sabor
Acredite, já passei por isso… é horrível
E sabe o que aconteceu? Acabou… Cada um pro seu lado
Não exitem respostas, apenas vontades