Nas tardes seguintes, Bruno retornou ao ponto da cerca onde os dois costumavam se encontrar, mas Shmuel nunca mais apareceu. Depois de quase uma semana ele se convenceu de que o que havia feito fora tão terrível que jamais seria perdoado, porém no sétimo dia ficou extasiado ao ver Shmuel esperando por ele, sentado de pernas cruzadas no chão, como sempre, e olhando para a poeira debaixo de si.
“Shmuel’, disse ele, correndo na direção do amigo e sentando-se, quase chorando de alívio e arrependimento. “Eu sinto tanto, Shmuel. Não sei por que fiz aquilo. Diga que me perdoa.”
“Tudo bem”, disse Shmuel, olhando para ele. Seu rosto estava todo machucado e Bruno fez uma careta, por um instante se esquecendo das desculpas que estava pedindo.
“O que aconteceu com você?”, ele perguntou, mas não esperou pela resposta. “Foi a bicicleta?” Porque uma vez isso aconteceu comigo lá em Berlim há uns dois anos. Eu caí da bicicleta quando estava indo rápido demais e fiquei todo roxo durante semanas. Está doendo?”
“Nem sinto mais”, disse Shmuel.
“Parece que dói.”
“Já não sinto mais nada”, disse Shmuel.
“Bem, sinto muito pela semana passada”, disse Bruno. “Eu odeio aquele tenente Kotler. Ele pensa que é o manda-chuva, mas não é.” Bruno hesitou por um instante, sem querer perder o fio da meada. Sentiu que deveria dizer mais uma vez e com muita sinceridade. “Eu sinto muitíssimo, Shmuel”, disse numa voz bem clara. “Não posso acreditar que não contei a ele a verdade. Nunca desapontei um amigo dessa maneira antes. Shmuel, estou envergonhado de mim mesmo.”
Quando Bruno disse isso, Shmuel sorriu e balançou a cabeça e Bruno soube que estava perdoado. Então Shmuel fez algo que nunca havia feito antes: ele ergueu a parte de baixo da cerca como sempre fazia quando o amigo lhe trazia comida, mas desta vez ele estendeu a mão por baixo e a manteve lá, esperando até que Bruno fizesse o mesmo. Os dois meninos apertaram as mãos e sorriram um para o outro.
Foi a primeira vez que eles se tocaram.
John Boyne in O menino do Pijama Listrado
oi eu te vi no skoob ai procurei no google a frase “ja nao sinto mais nada”. logo percebi que era vc. bjo. amei seu blog;
Esse livro é realmente incrível. E a história mais ainda.
Dói de uma forma que eu não sou capaz de explicar.
Muito bom o blog!
Sempre visito!
Abraços
Que lindo Lyane, me emocionei… (quem tem histórias sobre o Holocausto na família, sente mais profundamente), são raras as amizades que hoje em dia permanecem intactas.
Beijo enorme no coração.
Assisti o filme e apesar de muito triste, é tbm fantastico!
Chorei o filme todo ;(***
Linda historia, emocionante, deu foi
muita vontade de ve tambem.
Um pouco triste mais linda.
Ameeei seu blog! Tudo, tudo muito lindo! Li boa parte do histórico já, uma coisa mais linda que a outra, seja o que vc escreve, seja as citações.
Se puder, passa no meu?
beeeijos!
Parece triste, e bonito
Me deu vontade de ver…