Então isso era a felicidade. De início se sentiu vazia. Depois os olhos ficaram úmidos: era felicidade, mas como sou mortal, como o amor pelo mundo me transcende. O amor por essa vida mortal a assassinava docemente aos poucos. E o que é que se faz quando se fica feliz? Que faço da felicidade? Que faço dessa paz estranha e aguda que já está começando a me doer como uma angústia e como um grande silêncio? A quem dou minha felicidade que já está começando a me rasgar um pouco e me assusta. Não, ela não queria ser feliz. Por medo de entrar num terreno desconhecido. Preferia a mediocridade de uma vida que ela conhecia. Depois procurou rir para disfarçar a terrível e fatal escolha. E pensou com falso ar de brincadeira: “Ser feliz? Deus dá nozes a quem não tem dentes.” Mas não conseguiu achar graça. Estava triste, pensativa. Ia voltar para a morte diária.
Clarice Lispector in Aprendendo a Viver
Só quem gosta de Clarice Lispector, é quem ler seus textos com amor, e com os sentimentos dilatados, só assim se entende e sente o poder dos seus textos…
Apaixonada por C. L.
Ahh… Clarice Lispector!
Sou super fã..
Gostei do Blog.
Beijos;
lispector tem um jeito de comunicar muito invasivo. ler um livro dela é como revelar-se para si. li quatro de uma vez e parei um tempão pras letras se acomodarem dentro de mim. ela precisa desse respeito, eu acho. gostei da seleção. espero que surgam outras – esse ainda não li.
abs
guaaraná
Comecei a ler “A Paixão Segundo G.H” hoje, e adorei esse trecho do livro dela, acho que acabou de entrar pra lista de próximo livro, rs.