"Entre Aspas"

TEMA: Livro-Reportagem
MÊS: Maio

Livro: 1822
Autor(a): Laurentino Gomes
Editora: Planeta
Páginas: 352

Nota: 5
(sendo: 1- Não gostei 2- Gostei pouco; 3- Gostei; 4- Gostei bastante; 5– Adorei)

A leitura deste livro só confirmou que Laurentino Gomes é um ótimo autor na minha opinião. Mais uma vez nos traz fatos históricos muito bem embasados e próximos da realidade, dismistificando certos momentos gloriosos da história do país e elevando alguns outros esquecidos (dos quais, confesso, alguns eu sequer sabia que existiam). Por esse motivo, a leitura me foi bastante relevante.

Laurentino mostra aos leitores neste novo livro, que país a corte de D. João VI deixava para trás ao retornar a Lisboa em 1821 e no qual seu filho, D. Pedro I daria o Grito do Ipiranga. Também nos relata as enormes dificuldades do Primeiro Reinado até a abdicação em 1831, retorando a portugal para enfrentar seu irmão D. Miguel, que havia lhe usurpado o trono de Portugal, e a morte em 1834, com apenas 36 anos de idade.

O subtítulo do livro, tão interessante quando o do primeiro, diz: “Como um homem sábio, uma princesa triste e um escocês louco por dinheiro ajudaram D. Pedro a criar o Brasil – um país que tinha tudo para dar errado”. O autor nos apresenta cada um desses importantes personagens da história de forma única, mostrando de que forma ajudaram o primeiro Rei Brasileiro durante anos importantes de seu reinado em nosso país.

Claro que dos três, me identifiquei mais com a princesa triste, a querida por todos Imperatriz Leopoldina, que tinha tudo que D. Pedro achava importante em uma mulher, menos o essencial: a beleza. A falta desse artifício feminino foi o mal que consumiu sua vida e a levou à morte. Trocada publicamente pela Marquesa de Santos, que irônicamente também não possuía de todo a essencial beleza tão idolatrada por D. Pedro I., a Imperatriz sofreu demais o abandono e indiferença do marido, muito embora o ajudasse com sua inteligência sagaz. Leopoldina desempenhou papel fundamental na Independência do país ao lado do homem sábio, José Bonifácio de Andrada.

Muitos outros personagens e momentos históricos importantes foram abordados por Laurentino, como a Batalha do Jenipapo (assim batizada em referência ao nome do rio em cujas margens heróis anônimos da Independência do Brasil guerrearam contra os portugueses em março de 1823), a influência da Maçonaria em alguns momentos importantes da história, a revolta dos chamados “órfãos” (escravos que se rebelavam pela liberdade e igualdade), dentre outros, até culminar na abdicação do trono por D. Pedro I e sua volta a Portugal.

Dois fatos interessantes que eu desconhecia e vim aprender com este livro, foram:

• Que na Bahia, a comemoração da Independência do Brasil é uma das mais entusiasmadas, porém não ocorre na mesma data que costumamos comemorar, a sete de setembro. A verdadeira festa acontece no dia 2 de julho, que foi a data da expulsão das tropas portuguesas de Salvador em 1823. E só perde em grandiosidade para o Carnaval.

• Que em 1972, no sesquicentenário da Indepêndencia, quando os restos mortais de D. Pedro I foram trasladados de Portugal para o Brasil, o povo pernambucano tendo à frente o Instituto Histórico e Arqueológico, pediu que o navio passasse ao largo. O desejo foi atendido. Pelo menos nesse pedaço do Brasil, devido a ocupação em 12 de setembro de 1824 pelas tropas de D. Pedro e execução do padre Frei Caneca, não havia motivos para prestar homenagens ao Imperador.

Mais uma vez, como dito no início desta resenha, Laurentino nos presenteia com um ótimo livro sobre momentos históricos do nosso país com linguagem acessível e pouco monótona.

Leitura recomendada!

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