Feliz Ano Novo!
Pensei em fazer um pedido… Mas não tinha nada para pedir.
As coisas vivas, pensei, as coisas vivas não precisam pedir”.. Caio Fernando Abreu in Onde Andará Dulce Veiga .
Pensei em fazer um pedido… Mas não tinha nada para pedir.
As coisas vivas, pensei, as coisas vivas não precisam pedir”.. Caio Fernando Abreu in Onde Andará Dulce Veiga .
Achávamos que éramos os únicos seres pensantes no Universo, até que encontramos vocês. Nunca sonhamos que o pensamento pudesse surgir em animais solitários que não são capazes de sonhar os sonhos uns dos outros”.. Orson Scott Card in O Jogo do Exterminador .
Eu sou o meu próprio espelho. E vivo de achados e perdidos. É o que me salva. Estou metida numa guerra invisível entre perigos. Quem vence? Eu sempre perco”.
. Clarice Lispector in Um Sopro de Vida .
Além disso, ainda não havia apreendido o grande desencontro das palavras – portanto não poderia comunicar-se de maneira adulta, posto que a maneira-adulta-de-comunicar-se trata-se de um constante dizer o que não se quer, pedir o que se tem e dar o que não se possui”.
. Caio Fernando Abreu in O Inventário do Ir-remediável .
Em meio a dor e à felicidade da jornada que percorri nos últimos dois anos, eu aprendi a lição mais importante que a vida tem a oferecer e fico feliz por isso. Tudo o que temos é este instante”.
. Lucinda Riley in A Casa das Orquídeas .
Livro: Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres
Autor(a): Clarice Lispector
Editora: Rocco
Páginas: 160
Nota: 5
(sendo: 1- Não gostei 2- Gostei pouco; 3- Gostei; 4- Gostei bastante; 5– Adorei)
Este foi o primeiro romance de Clarice que eu li e confesso que amei logo de cara. A narrativa é simples e deliciosa e é impossível não se apaixonar pelas personagens tão extraordinarimanete criadas por Clarice. A história vai te envolvendo aos poucos e você se vê totalmente cativado pelas dúvidas e questionamentos de Lóri, a personagem principal, que está perdia pois não entende direito o que é “ser”.
Ulisses, seu namorado e professor de Filosofia, tenta ajudá-la a entender esse mistério e como é agradável o prazer de simplesmente existir. Durante todo o desenrolar da história, ele a desafia para refletir sobre os acontecimentos, rotineiros ou não, de sua vida e a ajuda a descobrir quem ela é, o que gosta, quais são as atitudes que lhe dão prazer, o que a desagrada.
Clarice propõe a reflexão sobre diversos conflitos emocionais e usa de uma liberdade de escrita maravilhosa, afinal uma das características famosas desse livro é que ele começa com uma vírgula e termina com dois pontos.
Porque há o direito ao grito.
Então eu grito”.. Clarice Lispector in A Hora da Estrela .
Tenho um livro sobre águas e meninos.
Gostei mais de um menino
que carregava água na peneira.A mãe disse que carregar água na peneira
era o mesmo que roubar um vento
e sair correndo com ele para mostrar aos irmãosA mãe disse que era o mesmo que
catar espinhos na água
O mesmo que criar peixes no bolso.O menino era ligado em despropósitos.
Quis montar os alicerces de uma casa sobre orvalhos.A mãe reparou que o menino
gostava mais do vazio do que do cheio.
Falava que os vazios são maiores e até infinitos.Com o tempo aquele menino que era cismado e esquisito
porque gostava de carregar água na peneira
Com o tempo descobriu que escrever seria o mesmo
que carregar água na peneiraNo escrever o menino viu que era capaz de ser
noviça, monge ou mendigo ao mesmo tempo.O menino aprendeu a usar as palavras.
Viu que podia fazer peraltagens com as palavras.
E começou a fazer peraltagens.Foi capaz de interromper o vôo de um pássaro
botando ponto final na frase.
Foi capaz de modificar a tarde
botando uma chuva nela.O menino fazia prodígios.
Até fez uma pedra dar flor!
A mãe reparava o menino com ternura.A mãe falou:
Meu filho você vai ser poeta.
Você vai carregar água na peneira a vida toda.
Você vai encher os vazios com as suas peraltagense algumas pessoas vão te amar por seus despropósitos”.
. Manoel de Barros in O Menino que Carregava Água na Peneira.