Retrospectiva Literária 2015

  • A aventura que me tirou o fôlego: Os Sete – André Vianco
  • O terror que me deixou sem dormir: A Queda do Governador 2 – Robert Kirkman, Jay Bonansinga;
  • O suspense mais eletrizante: Um Corpo na Biblioteca – Agatha Christie; 
  • O romance que me fez suspirar: À Primeira Vista – Nicholas Sparks;
  • A saga que me conquistou: Jogos Vorazes – Suzanne Collins;
  • O clássico que me marcou: O Diário de Anne Frank;
  • O livro que me fez refletir:  365 Dias Extraordinários – R. J. Palacio;
  • O livro que me fez rir: O Amor é um Cão dos Diabos – Charles Bukowski;
  • O livro que me fez chorar: No Silêncio das Paixões – por Schellida; 
  • O livro de fantasia que me encantou: Star Wars: O Caminho Jedi;
  • O livro que me decepcionou: Extras – Scott Westerfeld;
  • O livro que me surpreendeu: Até o Dia em Que o Cão Morreu – Daniel Galera;
  • O livro que devorei: O Casamento do Céu e do Inferno – William Blake;
  • O livro que abandonei: Quando Tudo Volta – John Corey Whaley;
  • A capa que amei:

  • O thriller psicológico que me arrepiou: O Fim da Infância – Arthur C. Clark  (Eu sei, é ficção-científica, mas também acho que se encaixaria nesse gênero e literalmente me arrepiou)
  • A frase que não saiu da minha cabeça:

A leitura não depende da organização do tempo social, ela é, como o amor, uma maneira de ser. A questão não é saber se tenho tempo para ler ou não (tempo que, aliás, ninguém me dará), mas se me ofereço ou não à felicidade de ser leitor”.

. Daniel Pennac in Como um Romance .

  • O(a) personagem do ano: Karellen – Senhor Supremo – O Fim da Infância
  • O casal perfeito: Personagem principal (sem nome) e Marcela – Até o dia em que o Cão Morreu;
  • O(a) autor(a) revelação: André Vianco.
  • O(a) autor(a) que mais esteve presente entre as minhas leituras: André Vianco.
  • O gênero literário que mais li: Fantasia e Ficção Científica;
  • O gênero literário que preciso ler mais: Clássicos;
  • O melhor livro nacional: Poesia Completa – Manoel de Barros; 
  • O melhor livro que li em 2015: Como um Romance – Daniel Pennac;
  • Li em 2015: 28 livros.
  • A minha meta literária para 2016 é: ler os livros que estão em minha estante. 

Começos e Fins

Nenhuma história tem começo e nenhuma história tem fim. Começos e fins podem ser entendidos como algo que serve a um propósito, a uma intenção momentânea e provisória, mas são, em sua natureza fundamental, arbitrários e existem apenas como uma ideia conveniente na mente humana. As vidas são confusas e, quando começamos a relacioná-las, ou relacionar parte delas, não podemos mais discernir os momentos precisos e objetivos de quando certo evento começou. Todos os começos são arbitrários”.

. Caitlin R. Kiernan in A Menina Submersa: Memórias .

Devemos-lhes tanto…

Os livros, esses animais opacos por fora, essas donzelas. Os livros caem do céu, fazem grandes linhas rectas e, ao atingir o chão, explodem em silêncio. Tudo neles é absoluto, até as contradições em que tropeçam. E estão lá, aqui, a olhar-nos de todos os lados, a hipnotizar-nos por telepatia. Devemos-lhes tanto, até a loucura, até os pesadelos, até a esperança em todas as suas formas”.

. José Luis Peixoto in Abraço .

Um Castigo

Penso: um castigo é a vida, um castigo sem falta ou pecado, um castigo sem salvação; a vida é um castigo que não se impede e que não se consente”.

. José Luis Peixoto in Nenhum Olhar .

Reflexo fiel?

Os livros são o reflexo fiel do que o gênio humano, mais ou menos inspirado, produziu? Mal se coloca, a questão desorienta. Como não nos lembrar imediatamente daquelas fornalhas onde tantos livros continuam a se consumir? Como se os livros e a liberdade de expressão de que eles logo vieram a se tornar símbolo tivessem engendrado inúmeros censores preocupados em controlar seu uso e sua distribuição, e às vezes confiscá-los para sempre. E, quando não foi o caso de destruição organizada, foram bibliotecas inteiras que o fogo, por simples paixão de queimar e reduzir a cinzas, levou ao silêncio – as fogueiras vindo como que alimentar-se umas às outras até consolidar a ideia de que essa incontrolável profusão legitimava uma forma de regulação. Logo, a história da produção dos livros é indissociável da de um verdadeiro bibliocausto, sempre recomeçado. Censura, ignorância, imbecilidade, inquisição, auto de fé, negligência, distração, incêndio terão assim constituído outros tantos escolhos, às vezes foices, no caminho dos livros. Todos os esforços de arquivamento e conservação nunca impediram que Divinas Comédias permanecessem para sempre desconhecidas.

Jean-Philippe de Tonnac in Não Contem com o Fim do Livro

Felicidade Reduzida

Muita gente só é capaz de uma felicidade reduzida: o facto de a sua sensatez não poder proporcionar-lhes mais felicidade não constitui um argumento contra ela, não mais do que se deve ver um argumento contra a medicina no facto de serem algumas pessoas incuráveis e outras sempre doentias. Que cada um possa ter a hipótese de encontrar justamente a concepção da vida que lhe permita realizar o seu máximo de felicidade: isso não impede necessariamente que a sua vida permaneça lastimável e pouco invejável”.

. Friedrich Nietzsche in Aurora .

Eleger

A palavra ‘ler’ vem do latim ‘legere’ e queria dizer ‘escolher’. Era isso que faziam os antigos romanos quando, por exemplo, selecionavam entre os grãos de cereais. A raiz etimológica está bem patente no nosso termo ‘eleger’. Ora o drama é que hoje estamos deixando de escolher. Estamos deixando de ler no sentido da raiz da palavra. Cada vez mais somos escolhidos, cada vez mais somos objecto de apelos que nos convertem em números, em estatísticas de mercado”.

. Mia Couto in E se o Obama fosse Africano? .

Felicidade de ser Leitor

Sim, mas a qual fração de meu tempo disponível vou subtrair essa hora de leitura cotidiana? Aos colegas? À tevê? Às saídas? às noites passadas com a família? A meus deveres?
Onde encontrar o tempo para ler?
Grave problema.
Que não é um só.
A partir do momento em que se coloca o problema do tempo para ler, é porque a vontade não está lá. Porque, se pensarmos bem, ninguém jamais tem tempo para ler. Nem pequenos, nem adolescentes, nem grandes. A vida é um entrave permanente à leitura.
_Ler? Queria muito, mas o trabalho, as crianças, a casa, não tenho mais tempo…
_Invejo você por ter tempo para ler! E por que é que essa aqui que trabalha, faz compra, cria filhos, dirige seu carro, ama três homens, vai ao dentista, muda na semana que vem, encontra tempo para ler, e esse casto celibatário que vive de rendas, não?
O tempo para ler é sempre um tempo roubado. (Tanto como o tempo para escrever, aliás, ou o tempo para amar.)
Roubado a quê?
Digamos, à obrigação de viver.
É sem dúvida por essa razão que se encontra no metrô – símbolo refletido da dita obrigação – a maior biblioteca do mundo.
O tempo para ler, como o tempo para amar, dilata o tempo para viver.
Se tivéssemos que olhar o amor do ponto de vista de nosso tempo disponível, quem se arriscaria? Quem é que tem tempo para se enamorar? E no entanto, alguém já viu um enamorado que não tenha tempo para amar?
Eu nunca tive tempo para ler, mas nada, jamais, pôde me impedir de terminar um romance de que eu gostasse.
A leitura não depende da organização do tempo social, ela é, como o amor, uma maneira de ser. A questão não é saber se tenho tempo para ler ou não (tempo que, aliás, ninguém me dará), mas se me ofereço ou não à felicidade de ser leitor.

Daniel Pennac in Como um Romance

A Dor

A dor: um silêncio de sentido sobre todos os gestos, um abismo a calar o significado de todas as palavras, um véu a tornar o tempo inútil”.

. José Luis Peixoto in Nenhum Olhar .