Continuando.

Dói de todos os lados, os de fora, os de dentro, de baixo e de cima, nenhuma saída, e você meio cego, meio tonto, só sabe que tem que continuar, meio sem esperança, as ilusões despedaçadas, o coração taquicárdico, língua seca, e continuando. Continuando. Resistimos, aos trancos, já nem sei se foi escolha ou solavanco. Difícil arrancar uma certa lucidez disso tudo. Mas sinto que o coração se depura (é tão antigo falar em coração…) um pouco mais, em cada porrada”.

. Caio Fernando Abreu in Carta a Suzana Saldanha .


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