Resenha: As Pequenas Memórias


Livro:
As Pequenas Memórias
Autor(a): José Saramago
Editora:
 Cia das Letras
Páginas: 142

Nota: 4
(sendo: 1- Não gostei 2- Gostei pouco; 3- Gostei; 4- Gostei bastante; 5Adorei)

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Mais um livro genial de Saramago, embora não esteja entre os meus favoritos. A obra é uma autobiografia dos primeiros quinze anos de vida do autor, desde seu nascimento em 1922 na aldeia da Azinhaga até os estudos na escola industrial de Lisboa, de onde saiu serralheiro mecânico. O intuito do autor ao escrever o livro era “que os leitores soubessem de onde saiu o homem que sou”. Conseguiu. Foi uma leitura muito agradável pelas recordações desse autor tão querido.

A narrativa das recordações é feita da mesma forma como as demais obras do autor, sem pontuações nos diálogos, sua marca registrada. Esse recurso, neste livro, não tornou a leitura cansativa como as vezes em obras mais longas do autor. Para quem é fã de Saramago, a leitura é curiosa e traz aquele gostinho de quero mais em cada página, pois você quer conhecê-lo mais a fundo, saber de suas descobertas, alegrias e medos.


Saramago relembra o convívio com seu avô camponês, um homem sábio e analfabeto com quem aprendeu muitas coisas. Também descreve bastante a aldeia onde nasceu e a mudança para Lisboa, onde o pai vai trabalhar como guarda e a família passa a morar em quartinhos de bairros populares, sempre no último andar por causa do aluguel mais barato. Conta também que a dificuldade financeira o fez largar o estudo muito cedo, porém sempre foi um menino-rapaz contemplativo e aprendia muito ao observar.

O que achei mais interessante é que ao longo da história Saramago vai ligando vários fatos da sua vida aos seus livros já publicados, como foi o caso de quando contava que visitou Mafra e viu a estátua do Pe. Bartolomeu. Naquele momento, o garoto pensou que algum dia ainda iria criar uma história sobre aquilo. E foi o que aconteceu quando publicou “Memorial do Convento”. Isso mostra como seus livros já viviam nele desde pequeno até que um dia, para nossa felicidade, vieram a se concretizar em palavras.

Outro fato interessante é sobre o próprio nome do autor. O sobrenome Saramago não existia na família até que seu pai foi registrá-lo e o funcionário estava bêbado. “Sob os efeitos do álcool e sem que ninguém se tivesse apercebido da onomástica fraude, decidiu, por sua conta e risco, acrescentar Saramago ao lacónico José de Sousa que meu pai pretendia que eu fosse”. O fato foi descoberto apenas muitos anos depois e obrigou seu pai a mudar o próprio nome, o que fez Saramago afirmar que este foi “o primeiro caso na história em que um filho tenha dado nome ao pai”.

Com muitas outras descobertas interessantes sobre este querido autor e lindas recordações infantis e juvenis, este livro é leitura recomendada e obrigatória para os fãs.


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