Para Nunca Esquecer

– De quantos assassínios estamos a falar?
– Quem sabe? Há um turno de dia e outro de noite, nunca pára. Pelo menos duzentas ou trezentas pessoas de cada vez, e isto só no nosso crematório. Por vezes, é uma vez por dia, outras duas. Muitas vezes os crematórios não dão vazão para queimar os corpos e mandam-nos levar os cadávares para uma clareira do bosque. Içamo-los para um camião e depois é preciso descarregá-los outra vez.
– E enterram-nos?
-Isso exigiria demasiada mão-de-obra! Não querem. Que Deus me perdoe. Regamo-los com gasolina e pegamos-lhe fogo. Depois é preciso apanhar a cinza à pazada e carregá-la num caminhão. Acho que a usam como adubo. Os ossos das ancas são demasiado grandes e o fogo não os consome. É preciso triturá-los.
– Meu Deus…
– Para o caso de alguém não saber… Isto é Aushwitz-Birkenau”. 

. Antonio G. Iturbe in A Bibliotecária de Auschwitz .

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