─ Você ─ ele disse, e a voz mais parecia um susssuro contido. ─ Você é que é consumida por baboseiras.
Aquela subita ferocidade me assustou. Eu me afastei.
─ Você ─ ele prosseguiu, agarrando meu punho. ─ Todos vocês, do mundo seguro, com seus air bags, e suas embalagens hermeticamente fechadas e suas dietas livres de gordura. Vocês é que são os supersticiosos. Vocês se convencem de que podem tapear a morte, e se sentem absolutamente ofendidos quando descobrem que não podem. Vocês ficam sentados em seus apartamentos confortáveis e assistem à guerra, e nos vêem sangrando, pela televisão. E pensam: “Que horror!”, e depois se levantam e tomam outra xícara de café expresso.
Estremeci quando ele disse aquilo. {…}
─ Coisas ruins acontecem. Algumas coisas muito ruins aconteceram comigo. E eu não sou diferente de mil outros pais nesta cidade cujos filhos sofrem. Eu convivo com isso. Nem toda história tem um final feliz. Cresça, Hanna, e aceite isso“. Geraldine Brooksin As Memórias do Livro .
Mundo Seguro

Comente