Resenha: Tartarugas até lá embaixo!

Livro: Tartarugas até lá embaixo.
Autor(a): John Green
Editora:
Intrínseca
Páginas: 266

Nota: 4
(1- Não gostei 2- Gostei pouco; 3- Gostei; 4- Gostei bastante; 5Adorei)

Um pouco triste, um TUDO de vida real.
Terminei esse livro extremamente emocionada. Sei que John Green é visto por muitos como escritor de historinhas de adolescente e, no fim, é mesmo isso que ele é, mas eu não vejo isso como negativo. Eu também tenho um pouco de preguiça de alguns romances adolescentes muito bobinhos, mas definitivamente não é o que acontece com John Green. Ele sempre traz algum assunto bem profundo junto com a adolescência e nos envolve de alguma forma, nos fazendo refletir muito sobre as dores e problemas do outro. John Green escreve sobre empatia. E precisamos MUITO disso hoje em dia.

Neste livro, o assunto é transtorno de ansiedade e TOC. É uma enorme angústia mergulhar junto com Aza Holmes, nossa protagonista, em suas espirais de pensamentos que vão ficando cada vez mais fortes e acabam levando-a a acreditar em certas coisas num grau muito elevado, excluindo-a do convívio com as pessoas, afastando-a dos mais queridos e deixando-a completamente atordoada em situações que para qualquer outra pessoa seriam coisas simples, que sequer chegariam a pensar sobre. E, se você já passou por algum tipo de dor emocional, mesmo que em graus mais amenos, vai ser impossível não se reconhecer em algumas dessas situações.

John Green nos presenteia com uma narração clara dos pensamentos da protagonista, da forma como eles começam e até onde a levam, da briga interna dela com os pensamentos, de como as pessoas ao redor lidam com isso, pensam sobre isso. São diversas visões diferentes do mesmo problema que faz com que você mergulhe intensamente neles e é impossível não se sentir ligado a isso de alguma forma, e refletindo sobre como tantas pessoas devem estar passando por isso todos os dias e nem desconfiamos, e as vezes somos até rudes ou intolerantes com as pessoas, por não pensarmos nas lutas internas que devem estar travando. Mostra também como é difícil para os que estão muito próximos saber como ajudar, e o que fazer pra amenizar essas crises e situações. Ambos os lados sofrem muito.

Aza tem uma melhor amiga, uma mãe muito amorosa e um velho amigo de infância que tentam o tempo todo ajudá-la nesses conflitos. Acho que o mais importante desse livro é mostrar que, principalmente nas doenças emocionais e mentais, sempre é preciso buscar ajuda, principalmente a profissional. Aza também tem uma analista muito querida que durante todo o processo vai ajudando-a a entender melhor o que está acontecendo. Fica a importante mensagem que não estamos sozinhos, e pedir ajuda não é uma fraqueza, nem vergonhoso, pelo contrário.

Pra mim a leitura desse livro foi muito emocionante porque ganhei de um amigo muito querido num momento em que passei por algo emocional muito difícil em minha vida, onde abandonei por um período até mesmo a leitura que é o que eu mais amo fazer e acabei não lendo o livro na época, justamente por estar passando por algumas situações parecidas com a protagonista onde meus pensamentos tomavam forma e me faziam me sentir muito mal, um peso para as pessoas, e acabei me afastando e me isolando. Mas lendo, mesmo agora, que já estou bem mais forte, que consegui sair desse período e estou super bem, me emocionou muito, principalmente porque foi lindo que esse amigo tenha tentado me ajudar, além de tantas outras formas, através da literatura.

O livro tem um desfecho que está longe de ser um final feliz e como a própria Aza nos diz no livro.. “O problema dos finais felizes é que ou não são realmente felizes, ou não são realmente finais”. Foi o final que o livro poderia e deveria ter, dentro de todos os acontecimentos e de todos os fatos, era o melhor que poderia ser… Nada 100% resolvido, um pouco triste, um TUDO de vida real. Ah, e o título do livro é genialmente explicado no finalzinho da história!! Fica, como disse na resenha toda, a necessidade de aceitação do problema que o livro nos demonstra, e que precisamos muito sim, de ajuda, de amigos, de pessoas que realmente se importem. E que apesar de não conseguirmos enxergar que alguém se importe quando estamos dentro da crise, algumas pessoas realmente se importam sim. E são essas que devemos manter ao nosso lado.

Recomendo muito a leitura. A quem já passou por algo parecido, àqueles que convivem com alguém que está passando por algo parecido e a todos! Aprender e refletir nunca é demais.

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