"Entre Aspas"

Livro: Corte de Gelo e Estrelas
Autor(a): Sarah J. Maas
Editora: Galera
Páginas: 257

Nota: 4
(1.Não gostei 2.Gostei pouco; 3.Gostei; 4.Gostei bastante; 5.Adorei)

Apelo Emocional
Esse spin-off é um apelo emocional. Vi várias resenhas dizendo que perto dos outros livros ele foi decepcionante e que esperavam mais. Eu não esperava nada dele quando comecei a ler, mas estava feliz de não precisar me despedir pra sempre de alguns personagens e acho mesmo que não achei ele tão decepcionante, porque entendi a maioria dos pontos emocionais e sentimentais que a autora tentou abordar com ele.

SIM, TEM SPOILER DOS DEMAIS LIVROS!!! 

Vou prontamente pular as cenas fofinhas de reunião familiar e trocas de presentes no Solstício, e consequentemente, o casal arco-íris Feyre e Rhys e vou direto aos pontos que realmente me interessaram nessa leitura:

Nestha e Cassian. Que dor que é o relacionamento deles não deslanchar como todos nós gostaríamos e esperávamos logo após aquela cena da guerra de tirar o fôlego, mas bem no finalzinho deste livro, quando a autora toca no assunto da madeira rangendo e a associação que a Nestha tem com uma perda muito dolorosa que teve durante a guerra, me fez entender os motivos e o porque das atitudes, embora não sejam legais e eu não esteja de acordo. Tive empatia por Nestha.

Lucien e Elain. Eu sinceramente fiquei muito feliz quando o laço se fez entre os dois porque achei que Lucien finalmente teria um final feliz que merece. Lucien é um personagem que amei desde o primeiro momento. É amigo, é leal, teve seus deslizes, mas nunca deixou de estar presente de uma forma ou de outra. E sua vida foi sempre muito dura, repleta de dor e perdas terríveis. Mas pelo visto, como muito nos demonstra essa autora durante toda a leitura deste e os demais livros, a vida não é cor-de-rosa e as coisas não acontecem como queremos. O laço nada significa para Elain e o relacionamento (se é que se pode chamar assim) é bastante difícil e eu duvido que tome algum rumo como gostaríamos nos demais spin-off. Mas como também já disse em outras resenhas, eu gosto quando a autora traz a vida como ela é pras páginas.

Tamlin. E eu queria que fosse possível deixar aqui um enorme silêncio dolorido antes de escrever o que tenho que escrever. Eu me apaixonei por ele no primeiro livro, eu o odiei no segundo livro, eu o admirei no terceiro e neste spin off eu simplesmente queria ir até aquele mausoléu abandonado onde ele está enterrado em dor e abraçá-lo e dizer que vai ficar tudo bem. SIM, ele foi muito ruim sim, ele tomou atitudes drásticas terríveis sim, mas ele demonstra ao longo da leitura que tudo isso foi feito com alguma emoção, errada e torta, mas alguma emoção. Ele não foi mal de graça (não, não estou romantizando e desculpando ele pelo que ele fez), ele tem um histórico, uma família infeliz. Ele teve péssimos exemplos e não soube lidar com algo que ele achou que era amor.

“Porque só por ter tido carinho, eu achei que amar era fácil”
. Clarice Lispector .

Ele tomou caminhos terríveis e fez escolhas mais do que questionáveis. Mas as oito páginas desse livro e seu fim foram emocionais demais pra mim. De verdade. Eu não consegui me sentir feliz em vê-lo como a autora descreveu e nem me sentir vingada. Tive uma tristeza profunda e me emocionei. E acho que só uma autora realmente muito boa consegue nos fazer sentir assim. Tudo isso redime ele do que foi feito? NÃO. Mas ainda acho que existe alguma esperança pra essa alma torta e desalinhada. Não é como uma Beron e um Keir que poderiam arder pra sempre no mármore do inferno, entende?

E mais uma vez, ressalto a beleza da narrativa dessa autora que me conquistou completamente. Recomendo a leitura!!