Resenha: Contos de Amor e Morte

Livro: Contos de Amor e Morte
Autor(a): Horácio Quiroga
Editora:
Abril
Páginas: 208

Nota: 4
(1.Não gostei 2.Gostei pouco; 3.Gostei; 4.Gostei bastante; 5.Adorei)

Não conhecia nada do autor e depois de voltar dos longos mergulhos na alma com Clarice Lispector, Quiroga foi um jorro de realidade. Enquanto Clarice explora psicologicamente sensações e personagens, Quiroga retrata de forma natural e incisiva os acontecimentos, alguns normais ao nosso dia a dia e outros nem tanto. Mas a comparação foi apenas para dar início a resenha e ter um balanço do que li este mês para o Desafio Literário, pois não há, de forma alguma como comparar os distintos talentos desses dois autores.

Há um pouco de tudo nos contos desta obra: amor, crueldade, insanidade, exploração, desgraça, doenças e morte. A lista ainda poderia continuar, mas o que realmente vale a pena destacar é a força da narrativa de Quiroga. Em todos os seus contos é possível notar aquele golpe decisivo que deixa o leitor atordoado ao final da leitura, além de, desde as primeiras frases, colocar o leitor dentro da cena vivendo cada momento da curta história. Admiro bastante autores que conseguem fazer isso com o uso das palavras.

Tenho que confessar que apesar disso, achei alguns dos contos enfadonhos e por esse motivo a classificação de quatro estrelas. Mas também há contos excelentes, como é o caso de “O solitário”, onde quiroga age com extrema habilidade criando uma tensão no conto que explode numa cena final surpreendente, e “O Travesseiro de Pluma” em que o autor trabalha através de um jogo de palavras que prenuncia um desfecho terrível. Fiquei boquiaberta neste último.

Gostei bastante de conhecer o autor e seus contos e com certeza, recomendo sua leitura!

Quarentena

Meus companheiros da Quarentena

Mas eu também me sinto muito bem na minha própria companhia ─ e na de todos os meus livros. Alguém disse uma vez: ‘Um bom livro é o melhor amigo’. Outra pessoa expressou isso de forma semelhante: ‘Quem escolhe bem os seus livros estará sempre na melhor das companhias. Neles nos encontramos com os caracteres mais ricos de espírito, mais sábios e mais nobres, que constituem o orgulho e a glória da humanidade’”. 

Jostein Gaarder e  Klaus Hagerup in A Biblioteca Mágica de Bibbi Boken

São tempos difíceis… Tempos de parar, ouvir, refletir, se cuidar, olhar pra dentro e aprender. Se tudo isso não nos fizer melhorar, não teremos aprendido nada! Desejo do fundo do coração que fiquemos bem e que o melhor aconteça, pra todos! ❤

Resenha: Textos cruéis demais para serem lidos rapidamente.

Livro: Textos cruéis demais para serem lidos rapidamente
Autor(a): Coletivo Literário
Editora:
Globo Alt
Páginas: 304

Nota: 2
(1.Não gostei 2.Gostei pouco; 3.Gostei; 4.Gostei bastante; 5.Adorei)

Regular.
Esse livro é da leva que seguiu o maravilhoso “Outros jeitos de usar a boca” da Rupi Kaur, mas infelizmente como outros que tentei ler do gênero, não foi tão bom quanto. Neste, temos vários textos soltos com a temática de fim de relacionamentos, relações difíceis, empoderamento, dor, enfim… São textos rápidos de serem lidos, muito embora como o título do livro já diz não devem ser lidos rapidamente, e tem muito peso emocional. Não desmereço de forma alguma a dor que as pessoas estavam sentindo ao escrever essas palavras e costumo gostar muito de textos encharcados na emoção, porém não me tocou. Infelizmente. Tinha uma expectativa grande pra esse livro e estava doida pra ler, mas não foi como eu esperava o que não quer dizer que é ruim, apenas que eu não gostei muito. Alguns textos são bons e mexeram comigo, mas a maioria achei bem rasos e clichês. Não me arrependo da leitura, porque acho que toda leitura é valida, mas nesse estilo ainda prefiro Rupi Kaur, de quem recomendo os dois livros. Esse ficou no regular.

12.03[20] – Dia do Bibliotecário

“Eu não seria quem sou sem bibliotecas. Eu era o tipo de criança que devorava livros, e meus momentos mais felizes quando garoto eram quando convenci meus pais a me deixar na biblioteca local a caminho do trabalho, e eu passei o dia lá. Eu descobri que os bibliotecários realmente querem ajudá-lo: eles me ensinaram sobre empréstimo entre bibliotecas” 

Neil Gaiman

Parabéns a todos os Bibliotecários que assim como eu, são apaixonados pela sua profissão e assim transmitem o amor aos Livros ♥️♥️♥️

Resenha: Senhor dos anéis – A Sociedade do Anel

Livro: O Senhor dos Anéis – A Sociedade do Anel
Autor(a): J. R. R. Tolkien 
Editora:
Martins Fontes
Páginas: 632

Nota: 5
(1.Não gostei 2.Gostei pouco; 3.Gostei; 4.Gostei bastante; 5.Adorei)

Realmente maravilhoso!
Eu tentei ler Senhor dos Anéis não uma, mas quatro vezes desde os meus 19 anos e a indicação de um amigo querido. Assisti os filmes, amei a história, amo tudo que envolve o autor e como ele criou esse mundo simplesmente fantástico, mas a leitura não ia de jeito nenhum. Confesso minha extrema dificuldade em ler autores muito descritivos, mas acho que também não era a época certa. Consegui ler O Hobbit e impressionantemente rápido, mas quando iniciava A Sociedade do Anel, travava nas primeiras 30 páginas e não ia mais. Não vou dizer que dessa vez, que prometi, seria minha última tentativa, eu não tive algumas dificuldades. Não é o tipo de livro que eu não consigo largar e que vou pegar pra ler em qualquer oportunidade. Tive nas primeiras 300 páginas que me forçar a pegar ele pra ler e não desistir. Mas quando começava, a leitura deslanchava fácil e interessante, diferente do que imaginei e fui ficando empolgada. E a partir daí, fiquei apaixonada pelos personagens e história e não consegui largar mais.

Sim, Tolkien é extremamente descritivo, porém é uma descrição necessária e que vai ser usada ao longo da história. Não é simplesmente uma encheção de linguiça, são detalhes que vão te ajudar a entender muitas coisas ao longo da jornada. O que me cansou realmente e que fiquei um pouquinho entediada foram as músicas. Muita música, Sr. Tolkien. Mas até elas tem um propósito e isso amenizou um pouco meu tédio kkk

Sobre a história: é encantadora, impressionante, cheia de tantos detalhes que se torna quase real. É belamente contada e extremamente bem amarrada. Não há uma ponta solta e o que fica de dúvidas neste primeiro livro é somente porque a história ainda não terminou e tenho a certeza de que serão sanadas nos próximos livros. Sobre as personagens: são reais, bem delineadas, apaixonantes. Tolkien consegue fazer você sentir o que sentem, ter medo, angústia, amor por eles e sei que é o tipo de personagem que vou sentir muitas saudades depois.

Sobre a Terra Média: acho, sinceramente que apesar de ser uma linda história com belos personagens, tudo, absolutamente tudo gira em torno da Terra Média. A história é sobre a Terra Média e ela é a personagem principal dessa história. E por isso tantos detalhes, tantas descrições de cada pedacinho desse lugar fantástico e por isso a impressão de que existe, é real, e quem dera pudéssemos visitá-la e passar uns bons tempos por lá, pelo menso em algumas partes, como o Condado, Valfenda, Lothlórien.

Enfim, estou encantada, fascinada e já querendo iniciar As Duas Torres. Sinto que dessa vez, Tolkien me conquistou de vez e fico muito feliz por isso. Não podia ser uma bibliotecária completa, sem ter lido uma das maiores obras literárias de todos os tempos!

08.03 [20] Dia Internacional da Mulher

“Neste domingo de sol e de Júpiter estou sozinha em casa. Dobrei-me de repente em dois e para frente como em profunda dor de parto – e vi que a menina em mim morria. Nunca esquecerei este domingo sangrento. Para cicatrizar levará tempo. E eis-me aqui dura e silenciosa e heróica. Sem menina dentro de mim. Todas as vidas são vidas heróicas. A criação me escapa. E nem quero saber tanto. Basta-me que meu coração bata no peito”.

. Clarice Lispector in Água Viva . 

Acredito que todas nós tenha passado por isso. Clarice escreve pra nós, de nós e por isso separei essa citação desse livro lindo para homenagear a todas as mulheres heróicas de coração batendo no peito que conheço, em especial minha mãe, Elvira R. Souza ❤️

Resenha: Os Contos de Fadas como você nunca viu!

Livro: Os Contos de Fadas como você nunca viu!
Autor(a): Cleia Lira 
Editora:
Independente
Páginas: 208

Nota: 3
(1.Não gostei 2.Gostei pouco; 3.Gostei; 4.Gostei bastante; 5.Adorei)

Contos atualizados com sucesso 😉
Contos de fadas não são o meu forte!! Tenho que confessar que detesto o “E viveram felizes para sempre”, porque como bem nos disse Meredith Grey de Grey’s Anatomy…

“Era uma vez. Felizes para sempre. As histórias que contamos são o material de sonhos. Os contos de fadas não se tornam realidade. Realidade é muito mais tempestuosa. Muito mais sombria. Muito mais assustadora. Realidade. É muito mais interessante do que viver feliz para sempre”. (Episódio 1,  5ª temporada)

E concordo com isso plenamente!! Entendo que os contos ensinam a sonhar, mas os contos tradicionais ensinam a sonhar coisas muito irreais e colocam as mulheres em situação de dependência do homem ou escolhendo a eles ao invés de muitas coisas que poderiam ser e/ou fazer!!

Enfim, nesse sentido os contos de fadas recontados pela Cleia Lira trouxeram um novo olhar… “Princesas” fortes, independentes, resolvendo suas vidas sozinhas e sim, encontrando o amor, mas não trocando tudo por ele, ou deixando de ser quem são por ele, mas conquistando-o juntos. Achei muito criativas as ideias que a autora teve para montar as personagens parecidas com as histórias tradicionais e gostei muito de como as mulheres foram retratadas mais decididas e sabendo lidar e se reerguer das dificuldades e situaç?es.

Claro que me incomodou um pouco, da mesma forma que os contos tradicionais, a rapidez com que o romance se desenrola, mas entendo que faz parte do tipo de literatura e que tinham que acompanhar esse ritmo. A narrativa é bastante fluída e mesmo não sendo meu estilo preferido, eu super recomendo a leitura!! Até mais do que os contos verdadeiros rsrsrs Claro que com a ressalva de que na vida real nada é tão lindo, mas…

Não custa sonhar e suspirar de vez em quando!!

Leituras de Março 2020

  1. A Bela e a Fera – #ClariceLispector: Livro póstumo de contos, A bela e a fera apresenta ao leitor duas Clarices: a primeira, uma jovem aflita, com imaginação de extrema vitalidade, que, aos 14 anos, começa a inventar histórias e a escrever contos insólitos que têm como marca a expressão de intensos impulsos emocionais, a segunda, uma mulher madura em seus últimos dias de vida que escreve o conto que dá nome ao livro;

  2. A Vendedora de Livros – #CynthiaSwanson: Kitty Miller é uma mulher solteira e independente. Com sua melhor amiga, Frieda, ela dirige a livraria Sisters. Quando a noite vem, entretanto, ela começa a sonhar com uma vida paralela,na qual é casada com um marido maravilhoso, é mãe de lindas crianças e vive em uma mansão. Logo, os dois mundos começam a se confundir. Em qual dos dois mundos Kitty vai escolher ficar?;

  3. Coraline – #Neil Gaiman: Primeiro livro de Neil Gaiman escrito especialmente para o público juvenil, Coraline é um conto de fadas às avessas que reconhece a subestimada e, por vezes esquecida, maturidade da maioria dos jovens leitores. Nele, Gaiman encara pela primeira vez o desafio de escrever fantasias assustadoras para as crianças e vai além dos tradicionais gigantes padronizados, príncipes encantados, frágeis princesas ou dragões, que habitam esse universo, criando uma personagem com a qual as crianças podem facilmente se identificar;

  4. Conselhos Amorosos de Emily Brönte – #AnaDonovan: Não existe tédio da família O’Connell. Fiona, entre seu irmão quieto e suas irmãs gêmeas maldosas não consegue ver graça em sua vida. Mas sua rotina está prestes a mudar para sempre. Em apenas um dia sua família passará por situações devastadoras, trazendo mudanças, novos relacionamentos e verdades. Sempre com a mente em sua ídola, Emily Brontë, Fiona agora precisa tomar decisões que mudarão a sua vida;

  5. A Forma da Água – #GuilhermoDelToro: Mistura bem dosada de conto de fadas, terror e suspense, A Forma da água traz o estilo inconfundível e marcante de Guillermo del Toro, numa narrativa que se expande nas brilhantes ilustrações de James Jean e no filme homônimo, vencedor do Leão de Ouro em 2017. Uma história cinematográfica e atemporal sobre um homem e seus traumas, uma mulher e sua solidão, e o deus que muda para sempre essas duas vidas;

Afora estes, ainda estou em leitura contínua com:
– Graça Infinita – #DavidFosterWallace;
– Ana Karenina – #LeonTolstoi;
– Mulheres que Correm com Lobos – #ClarissaPinkolaÉstes.

Quais as leituras de vocês? ❤