Resenha: A Biblioteca Mágica de Bibbi Boke

Livro: A Biblioteca Mágica de Bibbi Boken
Autor(a): Jostein Gaarder
Editora:
Companhia das Letras
Páginas: 180
Nota: 5
(1.Não gostei 2.Gostei pouco; 3.Gostei;
4.Gostei bastante; 5.Adorei)

Fascinante!

“Os livros me dão as costas. Não para me rejeitar, como as pessoas: são convidativos, querendo apresentar-se a mim. Metros e mais metros de livros que nunca poderei ler. E sei: o que aqui se oferece é a vida, são complementos à minha própria vida que esperam ser postos em uso. Mas os dias passam rápido e deixam para trás as possibilidades. Um único desses livros talvez bastasse para mudar completamente a minha vida. Quem eu sou agora? Quem eu seria então?”.

E eu descobri que também sou uma mulher estranha de vestido vermelho! O.o

Sim, eu me vi quase totalmente retratada em Bibbi Bokken. A sua paixão pelos livros, o fato de ela quase literalmente “babar” pelos livros em uma livraria como, segundo Nils (um dos protagonistas), se os livros fossem “chocolates ou marzipãs”, e principalmente por ela amar o sistema decimal de classificação Dewey (eu também amo!♥) e ser bibliotecária.

O livro é totalmente fantástico. A forma como foi escrito através da troca de cartas entre dois primos que começam a querer desvendar os mistérios dessa mulher estranha de vestido vermelho faz com que você não consiga largar o livro. Principalmente porque no meio das cartas engraçadíssimas entre Nils e Berit contando as diversas aventuras por que passam os autores vão colocando valiosas informações sobre a história do livro. É fascinante! Entrou para os favoritos. Leitura totalmente recomendada!

23.04 [20] ─ Dia Mundial do Livro

“Às vezes, digo que fazer um romance é o mesmo que fazer uma cadeira: a cadeira tem que ter quatro pés, tem que estar equilibrada, a pessoa tem que se sentar na cadeira e estar confortável, há uma estrutura e as coisas têm que estar apoiadas umas nas outras para que a cadeira não caia. E, por outro lado, se a cadeira, além de funcionar, de responder à necessidade que se tem, na hora de se sentar, de que ela seja sólida, puder carregar uma estética, puder ser bonita, bem desenhada, pois aí, sim… Mas tudo precisa de ser sólido, e o romance tem, do meu ponto de vista, que ter uma estrutura em que o leitor não diga “pois aqui falta algo” ou que se alongou excessivamente. Todas são partes de um todo que tem que funcionar de uma forma, no fundo, equilibrada. Talvez possa parecer surpreendente que eu diga que escrever um romance é o mesmo que fazer uma cadeira, mas isso só significa o espeito ao trabalho bem-feito: pode ser um romance ou pode ser uma cadeira, e quem diz uma cadeira pode dizer muitíssimas outras coisas”.


“Entrevista a José Saramago”, Biblioteca Nacional de Argentina, Sala Virtual de Leitura, Buenos Aires, 12 de
dezembro de 2000 [Entrevista a José Luis Moure].

Resenha: Ensaio sobre a Cegueira

Livro: Ensaio sobre a Cegueira
Autor(a): José Saramago
Editora:
Companhia das Letras
Páginas: 312

Nota: 5
(1.Não gostei 2.Gostei pouco; 3.Gostei; 4.Gostei bastante; 5.Adorei)

“Cegueira também é isto, viver num mundo onde se tenha acabado a esperança”.

Acho que é justamente isso. Era o que Saramago queria que enxergássemos. Que somos cegos a partir do momento em que perdemos as esperanças, em que deixamos nossos medos nos dominar, que não amamos os nossos próximos, que não pensamos em nossas atitudes. Esse livro é um soco no estômago, como Clarice uma vez disse sobre a vida! Cru, na carne, animal cheio de instintos.

Um motorista parado no sinal se descobre subitamente cego. E não é uma cegueira comum, negra como ouvimos falar. É como um mar de leite, branco. É o primeiro caso de uma epidemia que logo se espalha incontrolavelmente. Inicialmente os “infectados” são resguardados em quarentena em um hospício onde se perceberão reduzidos à essência humana, numa verdadeira viagem de volta ao primitivo.

A leitura te leva a sentir tudo que os personagens sentem. Lembro que me sentia tão suja, tão incomodada e angustiada como os “cegos” no hospício e quando em certa parte do livro as mulheres tomam banho na chuva, lembro de me sentir limpa junto com elas. É incrível o modo de escrever de Saramago. Perfeito.

Um livo sensacional. Recomendadíssimo!

Resenha: Se Houver Amanhã

Livro: Se Houver Amanhã
Autor(a): Sidney Sheldon
Editora:
Record
Páginas: 402

Nota: 5
(1.Não gostei 2.Gostei pouco; 3.Gostei; 4.Gostei bastante; 5.Adorei)

Quando nasceu o amor por Sidney Sheldon!
O primeiro livro de Sidney Sheldon que eu li foi a “Ira dos Anjos” e eu só tinha 14 anos e acabara de vir de uma linha de livros estilo “Julia/Bianca/Sabrina” onde tudo era lindo e o final sempre feliz. Imaginem como eu fiquei ao terminar este livro e verificar que de lindo não tinha nada e que o final era algo bem diferente de feliz. Tive raiva do autor, jurei que jamais voltaria a lê-lo de novo. Porém uma amiga que adorava Sheldon me disse que eu jamais poderia falar dele se não lesse o livro “Se houver amanhã”. Relutei bastante, mas no final das contas fui até a biblioteca e o peguei. E foi realmente onde minha paixão por Sidney Sheldon nasceu.

A história de “Se Houver Amanhã” é simplesmente apaixonante. Tracy Whitney, a personagem principal, jamais saiu de minha memória. Sidney Sheldon é capaz disso. Cria personagens tão marcantes que você entra na história com eles. Tracy era apenas uma mulher à beira do casamento com um homem decente da alta sociedade quando sua mãe se suicida por ter todo o patrimônio deixado pelo marido roubado por um homem poderoso da Mafia, Joe Romano. Tracy vai tirar satisfações e se vê envolvida em uma ação criminosa que a leva à prisão. Seu noivo a abandona sem nem ouvir as explicações e ela se vê sozinha numa penitenciária onde aprenderá muito da vida.

Uma narrativa impressionante que não te permite largar do livro. Eu recomendo a leitura. Já li todos os livros escritos por Sidney Sheldon e este continua a ser o meu favorito!

Resenha: Triste Fim de Policarpo Quaresma

Livro: Triste Fim de Policarpo Quaresma
Autor(a): Lima Barreto
Editora:
Klick
Páginas: 192

Nota: 4
(1.Não gostei 2.Gostei pouco; 3.Gostei; 4.Gostei bastante; 5.Adorei)

Triste fim de Policarpo Quaresma é uma obra interessante, engraçada e um pouco triste. Quaresma é um patriota sonhador, dominado pela ideia de um Brasil acolhedor, amável, um recanto de farturas, facilidades e compreensão. Ele sonha com uma reforma nacional, cujo objetivo era “despertar a pátria do sono inconsciente em que jazia, ignorante de seu potencial, e conduzi-la ao merecido lugar de maior nação do mundo”.

Mas a realidade que ele encontra é outra. Um país nada amável, nem acolhedor. Ao contrário, inóspito, cruel e opressor. Sua paixão pela língua Tupi é tão grande, que num momento de distração, reescreve um memorando na língua indígena. Esse fato faz com que seu superior ache que ele está subestimando sua inteligencia e o manda para casa por desacato.

Quaresma acaba num hospício por seu sonho patriota. Isso evidencia a distância entre o sonho e a realidade, critica o idealismo inconsequente e desconstrói o mito romântico de um Brasil superior.

Lima Barreto foi ótimo em sua narrativa, pois o romance transmite uma forte impressão de realidade e tem uma escrita fácil que não entrava a leitura.

“_É bom pensar, sonhar consola.
_Consola, talvez; mas faz-nos também diferentes dos outros, cava abismos entre os homens…”.

Leitura recomendada!

Resenha: A Arte de Criar Leitores

Livro: A Arte de Formar Leitores
Autor(a): Goimar Dantas
Editora:
Senac
Páginas: 280

Nota: 5
(1.Não gostei 2.Gostei pouco; 3.Gostei; 4.Gostei bastante; 5.Adorei)

Esse livro transborda amor. Amor por livros e por leitura e apesar de aparentar ser apenas para educadores e pessoas que trabalham com informação, ele é muito mais que isso. É claro que para quem trabalha nesta área ele é um prato cheio e acho que todos deveriam ler, mas ele foi feito para um propósito ainda maior! É para todos aqueles que, apaixonados pelo universo dos livros e o amor pela leitura, desejam compartilhar isso com outras pessoas.

Goimar Dantas, nos presenteia nessas páginas, com o resultado de sua própria experiência como leitora e muita pesquisa sobre o assunto, pois trata em capítulos recheados de informação, desde a criação das histórias mais famosas e antigas até o universo moderno e a contribuição dos booktubers, perspassando pelo cinema, as mudanças nos perfis das heroínas, a beleza da poesia e a importância dos primeiros contatos da leitura que acontecem, ou deveriam, em casa. Além disso, traz dicas práticas e extremamente importantes para todos aqueles que buscam compartilhar o gosto e o amor pela leitura e pelos livros, sejam estes educadores ou não.

A “ponte para o pote de ouro” é como a autora intitula um capítulo e chama você a conhecer o universo da mediação de leitura e quem são esses mediadores. Eles estão por toda a parte e podem ser qualquer pessoa. Basta falar de livros com paixão, entusiasmo e amor. Podem ser professores, bibliotecários, contadores de história, mas também podem ser escritores, booktubers, vendedores de livros, pais, avós, tios, padrinhos, irmãos, amigos, cuidadores, enfim… qualquer um com muita paixão pelos livros. É claro, que também há algumas exigências. É preciso respirar leitura, debruçar sobre livros, conhecer sobre o assunto, estar a par das novidades, estudar e se aprimorar sempre! Afinal, não há possibilidade de formar um leitor, sem o ser.

E é com esse amor transbordando nas palavras e pelas páginas que misturam pesquisa com relatos de experiências, que Goimar Dantas nos faz mergulhar nesse mundo maravilhoso, nos enchendo de ideias, de entusiasmo e renovando essa eterna busca por despertar no outro o encantamento e as delícias do universo mágico dos livros, com o intuito de contribuir para a construção de cidadãos mais conscientes, mais críticos e consequentemente, mais livres.

Super recomendo a leitura!!