Resenha: A Bela e a Fera

Livro: A Bela e a Fera
Autor(a): Clarice Lispector
Editora:
Rocco
Páginas: 110
Nota: 5
(1.Não gostei 2.Gostei pouco; 3.Gostei;
 4.Gostei bastante; 5.Adorei)

“Cada pessoa é um mundo, cada pessoa tem sua própria chave e a dos outros nada resolve; só se olha para o mundo alheio por distração, por interesse, por qualquer outro sentimento que sobrenada e que não é o vital; o “mal de muitos” é consolo, mas não é solução”.

O que falar da escrita dessa mulher maravilhosa? Qualquer coisa que eu diga já virou clichê e eu já sou suspeita porquê sou muito fã. Esse livro foi publicado postumamente e é uma coletânea de oito contos que foram escritos em duas fases bem diferentes da vida da autora. Seis contos entre 1940-41 e nos apresenta a escrita de uma jovem aflita de 14 anos que começa a inventar histórias e escrever seus contos e os últimos dois de 1977, pouco antes de sua morte. Todos eles revelam personagens mulheres procurando entender o sentido de suas vidas.

De nossas vidas, porque Clarice escreve a gente. É impossível não se encontrar em algum pensamento, em alguma frase, em uma das inúmeras situações que ela nos descreve tão brilhantemente. E mesmo que você não se encontre, ou não tenha passado pelo que ela está descrevendo, aquilo te faz refletir de uma forma profunda. Na minha opinião é justamente isso que assusta na literatura dela. Clarice faz você mergulhar em reflexões que talvez você não esteja ainda preparado pra fazer, ou que simplesmente não queira, mas não tem muita escolha. Se abriu o livro, não tem mais como voltar atrás. Palavra por palavra ela te puxa pra dentro e quando você vê já está se questionando de muitas coisas.

O último conto em específico é simplesmente sensacional e me lembrou muito um outro conto dela chamado Perdoando Deus que me marcou profundamente. O conto deste livro, que dá o nome ao livro, se intitula: “A Bela e a Fera ou a ferida grande demais” e trata do encontro de uma socialite com um mendigo ferido em Copacabana que faz com que ela faça uma relação entre a ferida aberta do mendigo e o quanto ela era real, com ela mesma e o fato de que não passava de uma mentira encoberta de jóias e maquiagem desfilando em salões escondendo um imenso vazio, sua ferida. Clarice é magistral! E sabe muito bem usar as palavras e nos fazer refletir sobre o que realmente importa.

Fecho essa resenha, com mais uma citação desse livro que recomendo demais a leitura, como todos de Clarice:

“Tudo lhe perdoo, tudo perdoo aos que não sabem se prender, aos que se fazem perguntas. Aos que procuram motivos para viver, como se a vida por si mesma não justificasse”.

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