COLUNA “Entre Aspas”

Jornal Tribuna Liberal de Sumaré pag. 12

Dica de Leitura: O Último Trem de Hiroshima – Charles Pellegrino

“Não deveríamos deixar a guerra acontecer nunca mais”.

Nunca mais. Por motivo algum e em hipótese alguma. A leitura deste livro foi uma das mais difíceis para mim até hoje. Sofri muito com os sobreviventes e suas histórias horripilantes daquele trágico 06 de agosto de 1945. Tive vergonha de, até então, ter feito parte das pessoas que “em número cada vez maior, haviam se tornado complacentes desde o término da constante e amedrontadora rivalidade nuclear entre os Estados Unidos e a União Soviética” Tive e confesso “uma espécie de amnésia (que) tinha começado a afetar a civilização, uma amnésia particularmente perigosa, na qual as pessoas começavam a esquecer o que as bombas atômicas realmente fazem”.

A partir desta leitura, nunca mais! Nunca mais vou me esquecer disso. E devo agradecer a Charles Pellegrino e sua narrativa impressionante, impecável e envolvente. Demorei demais para ler porque o livro é pesado e choca. Não sei se sou muito sensível a estas catástrofes, mas tive inúmeras vezes que fechar o livro, respirar fundo para poder continuar. Desde o começo da leitura, olho para o céu, as árvores e as pessoas ao meu redor com outros olhos. Fico tentando imaginar como seria se de repente, em questão de três segundos, tudo isso virasse vapor e desaparecesse deixando um rastro de destruição irreversível.

O livro com certeza nos faz refletir e muito. Conta, através de diversos depoimentos e histórias impressionantes como foi para aquelas pessoas o horror da bomba atômica. Muito bem embasado, Pellegrino conseguiu transmitir em palavras os impressionantes milésimos de segundos de cada instante, desde o lançamento da bomba em Hiroshima, até a destruição ainda maior em Nagasaki.

As explicações minuciosas do que a bomba fez com as pessoas são impressionantes e terríveis. E arrancam lágrimas, perturbam o sono. Pelo menos, assim foi comigo. E pensar que Hiroshima era uma linda cidade pequena do Japão que enquanto todas as outras estavam sendo bombardeadas e atacadas, foi totalmente poupada. Seus habitantes, ingenuamente imaginavam que era por sua beleza, quando na verdade o pensamento era de que não adiantaria nada testar uma bomba nuclear em um alvo já destruído.

Acima de todo os planos políticos e militares envolvendo o lançamento de “little boy” (apelido com o qual a Bomba Atômica foi batizada), é ainda mais impressionante verificar que ela não trouxe perdas somente materiais e físicas:

“As fissuras que se formaram no hipocentro ainda ficaram presentes muitos anos depois. Mas eu não estou falando sobre rachaduras no chão, disse Paul Nagai. Eu me refiro às rachaduras invisíveis nas relações pessoais dos sobreviventes daquela desolada terra atômica. Estas fendas nos laços de amizade e amor não fecharam com o tempo; ao contrário, parecem se tornar cada vez maiores e mais profundas. De todo o dano que a bomba atômica causou, esse é de longe o mais cruel”.

O que fica dessa história é a mensagem de que a guerra não pode voltar a acontecer nunca mais. Que a questão de quem lançou a bomba e os motivos porquê isso aconteceu são irrelevantes. A coisa importante é nunca esquecer as consequências, fissuras e traumas que essa bomba causou. Cicatrizes na terra e na vida das pessoas que jamais se fecharão.

O que fica é a necessidade de o ser humano entender que “não se pode fazer isso nunca mais, por motivo algum”.

Leitura mais do que recomendada, essencial! Vou ficar muito feliz se me escreverem contando o que acharam da leitura!! E se por acaso quiserem alguma leitura específica, podem me pedir pelo email!! Boa semana e ótimas leituras!!

EVELYN RUANI
Bibliotecária e leitora compulsiva! Apaixonada por livros e palavras.
SERVIÇO
Blog: http://blogentreaspas.com
Instagram: @blog_entreaspas
Email: entreaspasb@gmail.com

2 comentários em “COLUNA “Entre Aspas”

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