Méritos

“As alegrias e as tristezas dos homens correspondem a seus méritos”.

. Simone de Beauvoir in Memórias de uma Moça bem Comportada .

Meu lugar.

Eu resolvera há muito, consagrar a vida aos trabalhos intelectuais. Zaza escandalizou-se um dia, declarando, provocante: “Por nove filhos no mundo, como fez mamãe, é tão importante quanto escrever livros”. Eu não via denominador comum entre dois destinos. Ter filhos, que por sua vez teriam filhos, era repetir ao infinito o mesmo refrão tedioso. O sábio, o artista, o pensador criavam um mundo diferente, luminoso e alegre em que tudo tinha sua razão de ser. Nele é que eu queria viver; estava resolvida a conquistar o meu lugar”.

. Simone de Beauvoir in Memórias de uma Moça Bem-Comportada .

Medo

“Como fazem os outros? Como farei eu? Parecia-me impossível viver a vida inteiro com o coração torturado pelo medo”.

. Simone de Beauvoir in Memórias de uma Moça Bem-Comportada .

“Eu estava só: pela primeira vez compreendi o sentido terrível dessa palavra, Só: sem testemunha, sem interlocutor, sem a quem recorrer. Minha respiração no peito, meu sangue nas veias, a confusão na minha cabeça, tudo isso não existia para ninguém”.

. Simone de Beauvoir in Memórias de uma Moça Bem-Comportada .

Resenha: Duna

Livro: Duna
Autora: Frank Herbert
Editora: @editoraaleph
Páginas: 680
Nota: 5/5 (💜)

Extraordinário
Há anos que estou para ler esse livro que foi indicação de um amigo muito querido e hoje me pergunto porque demorei tanto! Duna é um livro com uma história incrível e cheia de reflexões, o que tão bem caracteriza o seu gênero literário, a ficção científica. Além disso muitos dos questionamentos levantados nessa trama são extremamente atuais e podem se encaixar perfeitamente a alguns dos nossos acontecimentos cotidianos.

Duna é como ficou conhecido o planeta Arrakis, composto por um gigantesco deserto onde vivem enormes criaturas chamadas de “vermes”, pouquíssima água, algumas cidades e um povo nômade, os Fremen. As condições do planeta são severas e para sobreviver ao deserto é preciso utilizar um traje que reaproveita a água do corpo. É esse o nível de escassez de água do planeta conhecido como Duna. Além disso Duna possui “A Especiaria” que é um tipo de tempero especial que pode proporcionar a expansão da inteligência humana e permitir viagens intergaláticas e que só é encontrado neste planeta.

O ano é 10 mil, a humanidade já se espalhou pelas estrelas e a Terra é apenas uma lembrança. A sociedade é comandada por um Imperador e é composta por uma Guilda Espacial, duas casas que disputam entre si pelo governo de Duna, os Atreides (considerados os bons moços) e os Harkonnen (considerados os degenardos) e as Bene Gesserit, uma ordem de mulheres com poderes e propósitos misteriosos.

Da união do Duque Leto Atreides e da Bene Gesserit Lady Jéssica, nasce Paul Atreides, herdeiro da casa e suspeito de ser “O Escolhido”, o messias esperado pela ordem Bene Gesserit há anos e que tem o propósito de liderar o povo de Duna e salvá-lo de sua casa rival. Os três vão para Arrakis e acabam caindo numa armadilha ardilosa do Barão Vladmir Harkonnen, uma criatura terrível que abusa sexualmente de escravos e mantém sua população à base do medo.

É muito difícil explicar em poucas palavras a profundidade dessa história e tudo que disse é bastante superficial em relação à todas as suas vertentes filosóficas, religiosas e ambientais. Acompanhamos nesse livro a jornada de um herói e sua incessante busca pelo conhecimento, ponto bastante abordado nesse livro. A trama é muito bem amarrada, a narrativa de Herbert é genial e empolgante e apesar de alguns momentos se tornar um pouco cansativa nos detalhes e descrições, são extremamente necessários para o desenrolar da história.

Acho interessante abordar também toda a preocupação do autor em relação ao nosso meio ambiente que fica bem explícita em Duna principalmente pelo personagem Kynes, o planetólogo de Arrakis e pai de Chani. O que me faz lembrar de dois pontos muito relevantes nessa história: as personagens femininas são sensacionais e é impossível não se tornar fã de pelo menos uma delas, ou todas elas; e o livro traz textos complementares maravilhosos, incluindo um glossário que ajuda muito na leitura e compreensão.

Afora tudo isso, quero deixar registrado o quanto eu fiquei apaixonada pela personagem Alia, irmã de Paul Atreids e protagonista de uma cena simplesmente FANTÁSTICA e que com certeza é a razão pela qual eu vou continuar a leitura dos próximos dois livros para pelo menos fechar a trilogia.

É um livro de ficção científica de peso e que indico muito a leitura!
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Esquisito

“acho bonito,
mas acho esquisito também,
o amor.
quando longo
é coisa de quem mente
porque
se for pra ser sincera…”.

. Aline Bei in O Peso do Pássaro Morto .

Vida

“Eu amava a vida: não podia admitir que ela se transformasse amanhã em um lamento sem esperança”.

. Simone de Beauvoir in Memórias de uma Moça Bem-Comportada .

Homem

“Papai gostava de dizer: ‘Simone tem um cérebro de homem. Simone é um homem.” No entanto, tratavam-me como menina. Jacques e seus colegas liam livros de verdade, estavam a par dos verdadeiros problemas; viviam ao ar livre; quanto a mim, fechavam-me num quarto de crianças. Não me desesperava. Confiava no futuro. Pelo saber, pelo talento, algumas mulheres haviam conquistado um lugar no universo dos homens Mas eu me impacientava com esse atraso que me era imposto”.

. Simone de Beauvoir in Memórias de uma Moça Bem-Comportada .

Tempestades

“Todas estas tempestades que nos sucedem são sinais de que logo há de vir a bonança e hão de sair-nos bem as coisas, porque não é possível que o mal nem o bem sejam duradouros, e daí segue que, havendo durado muito o mal, o bem já está perto”.

. Miguel de Cervantes in O Engenhoso Fidalgo D. Quixote da Mancha, v. 1 .

Mate

“Eu não sou homem de roubar nem matar ninguém: a cada um mate sua ventura, ou Deus, que o fez”.

. Miguel de Cervantes in O Engenhoso Fidalgo D. Quixote da Mancha, v. 1 .