Resenha: Contos (In)Contáveis

Livro: Contos (in)contáveis
Autora: Cah Muniz @cah.muniz.escritora
Editora: @amazonbrasil
Páginas: 88
Nota: Adorei (5/5)

Numa conversa com a autora de “Comentários a respeito de Evelyn”, seu romance de estréia, confessei que romance romântico não era meu gênero favorito e ela prontamente me indicou essa coletânea de contos que achou que me agradaria. E não podia estar mais certa. Eu só não devorei o livro pois tinha outras leituras engatilhadas e tive que ir revezando, mas os contos são fantásticos!!

Nesta coletânea a autora reuniu seus dezesseis principais contos, alguns já publicados fisicamente em antologias de editoras nacionais e que trazem uma escrita moderna e peculiar. São indigestos e são muito da vida como ela é, minha temática favorita. A narrativa da autora é clara e envolvente e quando você percebe já está absolvendo ou condenando seus personagens ao final de cada conto devorado. Impossível não fazer uma reflexão com essa leitura cheia de camadas e que nos faz rever nossos próprios preconceitos e comportamentos.

Destaco demais o conto “Prole” que é fenomenal, e o motivo das cinco estrelas. O tipo de leitura essencial e que faz você parar pra respirar. Sua trama traz uma espécie de distopia que choca demais, já que a princípio você é levado a pensar que se tratam de animais e no entanto são seres humanos numa época onde não mais são os senhores do nosso planeta, mas tratados como objetos de estimação dos robôs humanoides que agora controlam a Terra.

O choque de realidade é simplesmente estarrecedor e ver um ser humano numa situação normalmente vivida por um animal é de revirar o estômago e quem sabe abrir os olhos de muitas pessoas que costumam financiar esse tipo de atrocidade.

Enfim, virei fã e termino essa resenha recomendando demais a leitura desses contos (in)contáveis

Resenha: Eu Sei Por Que o Pássaro Canta na Gaiola

Livro: Eu sei por que o pássaro canta na gaiola
Autora: Maya Angelou
Editora: @taglivros
Páginas: 336
Nota: 5/5

Esse livro poderia ser uma ficção, mas é real. Uma autobiografia que te faz mergulhar tão fundo nas relações humanas descritas que você se sente parte da narrativa.

Conhecemos neste livro a infância e início da adolescência de Maya e seu irmão Bailey Jr. na casa da avó e do tio, em Stamps, uma cidade americana onde a segregação racial é escancarada. Acompanhamos em sua narrativa, ora metafórica, ora objetiva, os principais acontecimentos de sua vida nesse período, envoltas em situações de racismo e sexismo. Das humilhações diárias aos encontros com os pais com os quais não tem nenhum tipo de relação construída, até o terrível estupro do qual foi vítima aos 8 anos de idade.

A narrativa de Maya é excepcional. A forma como ela conta esse momento tão hediondo de sua trajetória é intensa, emocional e envolvente. Fiquei o tempo todo com vontade de pegar a pequena Maya no colo e chorar todas as lágrimas não derramadas, mas sentidas intensamente. Uma criança que sequer tinha ideia do que estava vivendo.

“Os sons chegavam abafados a mim, como se as pessoas estivessem falando através do lenço ou com as mãos sobre a boca. As cores também não eram reais, mas uma vaga variação dos tons pastel que indicavam não tanto cores, mas familiaridades desbotadas. Os nomes das pessoas me fugiam, e comecei a me preocupar com minha sanidade”.

É uma leitura dolorosa, que nos faz refletir e repensar muitos conceitos, muitas ações e atitudes e por isso tão importante e essencial. Precisamos de leituras como essa para começar a entender os nossos privilégios e a respeitar e compreender aqueles que sofrem uma vida inteira para ter um segundo da paz que esbanjamos.

Recomendo muito!!
#blogentreaspas#leiamulheresnegras#bookstagram#ler

Resenha: A Noite do Perdão

Livro: A Noite do Perdão
Autor: Valdinei de Freitas
Editora: @ideeditora
Páginas: 480
Nota: 5/5

Neste livro espírita vamos acompanhar a saga da bem sucedida família Garcez, cujo patriarca orgulhoso administra os trabalhos na fazenda Mar da Espanha, conseguida com muito esforço e muito trabalho duro. José Garcez se esforçou também para passar os valores de dignidade e trabalho a seus filhos gêmeos. Um desses filhos, o que mais lhe ajudava na fazenda, decide tomar um rumo diferente ao que o pai desejava e após uma discussão acalorada e um ato intempestivo, a vida dessa família mudaria para sempre.

Acompanhamos então uma família aprendendo através de um sofrimento terrível o custo de um único instante. A leitura nos traz muitas reflexões sobre nossos atos impensados e o poder das palavras, mas também nos traz o alento do perdão possível e do recomeço apesar de todas as dificuldades do tempo, da distância e da separação.

Confesso que escolhi o livro pela capa pois as histórias da segunda guerra mundial e do holocausto me chamam atenção, mas apenas com o avançado da história vamos entender o que essa capa significa. Após momentos de muita dor e muita emoção, vamos descobrir que esta não é a primeira vida dessa família juntos e que sofreram no Gueto de Varsóvia sofrimentos bem mais terríveis e que trouxeram para este plano algumas arestas a serem aparadas.

A história é muito bonita, principalmente a parte da vida anterior vivida na longínqua Polônia no terrível Gueto de Varsóvia que nos traz imensa reflexão sobre muitas vertentes de nossa vida. A forma como a história do passado se encaixa perfeitamente com a vida atual da família Garcez é muito emocionante e o final nos traz o alento do perdão.

Recomendo muito a leitura!
#blogentreaspas#literaturaespírita#reflexõesnecessárias

O Mar

“_O senhor ama o mar, Capitão.
_Sim, amo. O mar é tudo! Cobre sete décimos do globo terrestre. Seu bafejo é puro e saudável. É o imenso deserto onde o homem nunca está só, pois sente a vida efervescer a seu lado”.

. Jules Verne in 20 Mil Léguas Submarinas .

Civilizado

“Não sou o que chama de um homem civilizado! Rompi com a sociedade inteira por razões que só eu tenho o direito de apreciar. Portanto, não obedeço em absoluto às suas regras e intimo-o a jamais invocá-las em minha presença”.

. Jules Verne in 20 Mil Léguas Submarinas .

12.03[21] – Dia do Bibliotecário

Biblioteca do Submarino Nautilus – 20 Mil Léguas Submarinas #JulesVerne

“Era uma biblioteca. Contornando a sala, estantes altas em jacarandá escuro, incrustradas com peças de cobre, abrigavam um grande número de livros, uniformemente encadernados sobre compridas prateleiras, terminando na base em amplos e confortáveis divãs estofados em couro marrom. Leves carteiras móveis, aproximando-se e afastando-se à vontade, permitiam descansar o livro a ser lido. No centro, alguns periódicos já amarelecidos. A luz elétrica inundava toda aquele harmonioso conjunto, tombando de quatro globos foscos parcialmente embutidos nas volutas do teto. Sem acreditar no que via, eu contemplava com genuína admiração aquele aposento tão inteligentemente planejado.

_Capitão Nemo – eu disse ao meu anfitrião, que acabava de se acomodar num divã _, eis uma biblioteca que honraria mais de um palácio dos continentes. E pensar que ela pode acompanhá-lo às mais ermas profundezas… “

. Jules Verne in 20 Mil Léguas Submarinas .

Parabéns a todos os Bibliotecários que assim como eu, são apaixonados pela sua profissão e transmitem o amor aos Livros ♥️♥️♥️

Resenha: O Eterno Marido

Livro: O Eterno Marido
Autor: Fiódor Dostoiévski
Editora: @novafronteira
Páginas: 176
Nota: 4/5

Nunca achei que leria tão rápido um Dostoiéviski. O Eterno Marido, como bem descrito no prefácio de Ruth Guimarães nessa edição da Nova Fronteira, é um romance a parte dos demais do autor. Não é um livro que tratará de grandes problemas filosóficos e existenciais, como é característica de suas obras, mas uma história mais leve, embora mordaz, trágica e cômica. Eu indicaria esta obra à todos aqueles que estão iniciando na leitura desse grande autor!

Alexei Ivanovich, ou Veltchaninov como é nos apresentado logo no início, é um homem de quase 40 anos, dado à melancolia e que está em um momento mais recluso de sua vida e refletindo sobre diversos aspectos dela quando começa a se sentir perseguido por um desconhecido de chapéu com uma faixa preta de luto. Ao longo dos capítulos e depois de várias digressões, descobrimos que seu perseguidor é na verdade um conhecido do protagonista, Pavel Pavlovitch e que ambos não se veem há 9 anos. Pavel está de luto pela morte da esposa a quem venerava e que lhe deixou uma caixinha com todas as cartas de amor que trocava com seus amantes.

Alexei, que também fora amante da esposa, fica desconcertado e não entende porquê o homem lhe procura já que nunca havia trocado correspondências com a amante. Ela sim, havia lhe enviado uma carta certa vez, mas que ficara sem resposta. Além disso, Alexei descobre que Pavel está hospedado em um hotel com a suposta filha que desconfia seja dele e a partir de então vamos acompanhar todo o drama dessa situação através de encontros e diálogos extremamente bem construídos entre os personagens fantásticos criados por Dosto.

Ao longo da história que se mostra impossível de largar, já que você quer descobrir todos os pormenores dessa história trágica e cômica ao mesmo tempo, confesso que fiquei confusa algumas vezes, mas no fim, tudo é esclarecido e não há como não admirar a incrível capacidade narrativa deste autor. O livro é curto, de leitura rápida e leve e traz muitos elementos básicos da literatura dostoievskiana.

Vale a pena conhecer!!
#blogentreaspas#literaturarussa#clássicosdaliteratura

Aficionado

“Eu sou um aficionado de ler ainda que sejam os papéis rasgados das ruas”.

. Miguel de Cervantes in O Engenhoso Fidalgo D. Quixote da Mancha, v. 1 .

08.03 [21] Dia Internacional da Mulher

Em comemoração ao Dia Internacional da Mulher a Revista Caderno Poético fez uma edição inteirinha dedicada a mulheres maravilhosas da nossa literatura! Quer conferir na íntegra? Clique aqui.

Na Coluna “Poesia” Entre Aspas que tenho orgulho e honra de escrever para esta revista, falei sobre o livro “Mar Absoluto/Retrato Natural” da fantástica Cecília Meireles!! Vem conferir ❤

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