“As profundezas do espaço. Havia extensão, largura e altura. Essas dimensões curvavam-se sobre si mesmas em uma escuridão defletida, mensurável apenas pelas estrelas reluzentes que riscavam o precipício, recuando para o infinito. Para as profundezas. Essas estrelas marcavam os momentos do universo. Havia brasas alaranjadas envelhecidas, anãs azuis, gêmeas amarelas gigantes. Havia estrelas de nêutrons em colapso e supernovas furiosas que sibilavam no vazio gélido. Havia estrelas que nasciam, estrelas que respiravam, estrelas que pulsavam e estrelas que morriam. E havia a Estrela da Morte”.
. George Lucas, Donald F. Glut e James Kahn in Star Wars VI – O Retorno do Jedi .
“— Não fale disso com ninguém. É um assunto muito pessoal. Você agora é mulher e, como tal, terá de se comportar, acabou-se o tempo das brincadeiras […] Agora você terá com que se aborrecer, seu corpo mudará, suas ideais se atrapalharão, e qualquer homem poderá fazer com você o que lhe der na cabeça”
Livro: Jane Autora: Aline Brosh McKenna Ilustrador: Ramón K. Pérez Editora: @pipocaenanquim Páginas: 228 Nota: 5/5
Essa graphic novel me conquistou pela ilustração lindíssima da capa e o all star vermelho. Quando soube que era uma releitura contemporânea do romance clássico Jane Eyre de #CharloteBrönte, não tive outra saída, precisei comprar e ler.
Começo dizendo que as ilustrações (arrasta pro lado pra ver algumas) são realmente de cair o queixo e eu amei todas elas, faz com que toda a história fique ainda mais interessante do que é. São do ilustrador premiado Ramon K. Pérez e trazem um charme especial para o roteiro de Aline Brosh McKenna em sua estreia no mundo dos quadrinhos.
Jane perde seus pais muito cedo para o mar, e desde então é forçada a viver de maneira invisível na casa da tia e primos que ignoram a sua presença. Quando fica mais velha, decide partir em busca do seu lugar no mundo que definitivamente não é ali e com apenas uma mala nas mãos, e uma bolsa de estudos que conquistou por suas habilidades em desenho, se muda para Nova York, tendo que arranjar um emprego às pressas para se manter.
Jane acaba como babá da pequena Adele, filha de um empresário milionário e extremamente soturno que guarda um segredo no terceiro andar do apartamento gigantesco em que mora. Agora que li o clássico, posso dizer que essa releitura traz os pontos fortes e todo mistério que envolve a trama dessa história.
A narrativa aliada as ilustrações belíssimas torna tudo ainda mais envolvente e é impossível parar de ler até que esteja na última página. Assim como na obra clássica, me afeiçoei a Jane desde o começo e torci por ela durante toda sua jornada de descobertas e crescimento.
“Chilenos e ingleses tinham vários traços de carácter em comum: resolviam tudo com a ajuda de síndicos e advogados; sentiam um apego absurdo à tradição, aos símbolos pátrios e às rotinas; proclamavam-se individualistas e inimigos da ostentação, que desprezavam como um símbolo de arrivismo social; pareciam amáveis e controlados, mas eram capazes de grandes crueldades”
“— Quero ser escritora quando eu crescer — falei. — Quer? — perguntou minha tia. — Ah, que legal, mas você também vai precisar arrumar um emprego. — Escrever vai ser meu emprego — respondi. — Você pode escrever quando quiser. É um passatempo ótimo. Mas vai ter que ganhar a vida. — Como escritora. — Não seja boba. — Estou falando sério. — Querida… Pessoas negras não podem ser escritoras. — Por que não? — Apenas não podem. — Elas também podem, sim! Eu tinha mais convicção quando não sabia do que estava falando”.
. Octavia E. Butler in Filhos de Sangue e Outras Histórias .
“No interior da gaiola, o pássaro não tinha para onde fugir do medo— todos os seus instintos estavam contrariados, a sua experiência não lhe dava garantias do que ia acontecer… O seu peso continha o próprio pássaro— gramas de pânico”.
“Os bichos foram os primeiros a morrer. Em seguida, as crianças. O caminho do mar transformado em uma vala comum e inconstante. Crianças e bichos, todos tombados na água sem nenhum ritual, como duras tábuas de madeira despencadas em um túmulo semovente. Longe de suas famílias, nunca encontrariam o caminho para qualquer terra sem males onde pudessem se reunir com seus ancestrais”.
. Micheliny Verunschk in O Som do Rugido da Onça .