
Autora: Toni Morrison
Editora: @taglivros
Páginas: 192
Nota: 5/5 (💜)
Esse é o meu segundo contato com a autora Toni Morrison, e definitivamente eu vou ler qualquer coisa que essa mulher decidir publicar. É difícil dizer qual é o foco central dessa história e seu enredo não é exatamente linear, mas são fotografias cotidianas da realidade triste no Fundão de um país segregado nos anos 1920, onde o casamento e a maternidade é uma imposição e necessidade às mulheres negras e os homens negros aceitam os trabalhos que os brancos recusam.
De forma tortuosa, acompanhamos mulheres na narrativa forte e poética de Morrison, vivenciando a solidão, a loucura, o abandono, o desespero da fome e a sobrevivência dura. Um olhar desavisado para esta realidade pode sugerir que são somente esses horrores que nos são apresentados, mas é preciso um olhar mais aguçado para encontrar pequenos pontos de amor e luz disfarçados em ações e gestos despretensiosos.
E então Sula, “filha única, mas imprensada em um lar de desordem pulsante constantemente desarranjado por coisas, pessoas, vozes e batidas de portas”, decide pela liberdade e uma forma de sobreviver baseada em suas próprias escolhas. Independente, se nega a permitir que lhe imponham uma visão dela que não seja a que ela própria escolheu. A qualquer custo.
Suas ações são vistas pelos que não tiveram a coragem/vontade de fazer essa escolha, com insatisfação, raiva, escândalo, deboche e por fim, medo. E nos colocamos neste mesmo lugar, com nossos julgamentos. Eu detestei Sula e me indignei com diversas posturas suas que ainda não sei se consigo perdoar.
Esse é o ponto chave da história pra mim. A reflexão que fazemos sobre o que vemos que nos oferece muito mais do que o que está sendo visto. Abre portas para reflexões importantes sobre a maternidade, o papel das mulheres, amor e amizade, a natureza humana e principalmente a liberdade e o quanto pode ser terrível, antes mesmo de ser um sonho.
Lágrimas, angústia. Literatura que tira a gente do lugar comum, da zona de conforto e nos abre percepções diferentes do mundo.
Super recomendo a leitura!
#blogentreaspas#resenha
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