Labirinto Infinito

Uma história não tem princípio nem fim, só portas de entrada.
Uma história é um labirinto infinito de palavras, imagens e espíritos em conluio para nos revelar a verdade invisível sobre nós mesmos. Uma história é, em definitivo, uma conversa entre quem narra e quem escuta, e um narrador só pode contar até onde vai a sua perícia, e um leitor só pode ler até onde está escrito em sua alma.
Essa é a regra fundamental que sustenta qualquer artifício de papel e tinta, porque, quando as luzes se apagam, a música se cala e as poltronas da plateia ficam vazias, a única coisa que importa é a miragem que ficou gravada no teatro da imaginação que todo leitor tem em sua mente. Isso e a esperança que todo contador de histórias carrega dentro de si: de que o leitor tem aberto o coração para alguma de suas criaturas de papel, emprestado a ela algo de si para torná-la imortal, nem que tenha sido por alguns minutos.
E dito isso, provavelmente com mais solenidade do que a ocasião merece, convém aterrissar o pé na página e pedir ao amigo leitor que nos acompanhe na conclusão dessa história e nos ajude a encontrar o que é mais difícil para um pobre narrador preso em seu próprio labirinto: a porta de saída.

Prelúdio de O Labirinto dos Espíritos
(O Cemitério dos Livros Esquecidos, volume IV) de Júlian Carax.
Éditions de la Lumière, Paris, 1992.
Edição a cargo de Émile de Rosiers Castellaine.

Refúgio

“Mas tenho que admitir que os livros são minha fraqueza e o meu refúgio do mundo”.

. Carlos Ruiz Zafón in O Labirinto dos Espíritos .

Certezas

“As certezas reconfortam, mas só se aprende duvidando”.

. Carlos Ruiz Zafón in O Labirinto dos Espíritos .

Ignorâncias

“Não há livros modestos e sim ignorâncias soberbas”.

. Carlos Ruiz Zafón in O Labirinto dos Espíritos .

Fácil

“Nada que vale a pena nessa vida é fácil”.

. Carlos Ruiz Zafón in O Labirinto dos Espíritos .

Calma bendita

“[…] Na noite em que meu filho Júlian nasceu e o vi pela primeira vez nos braços da mãe, entregue a calma bendita daqueles que ainda não sabem direito a que tipo de lugar vieram…”

. Carlos Ruiz Zafón in O Labirinto dos Espíritos .

Resenha: O Labirinto dos Espíritos

Livro: O Labirinto dos Espíritos
Autora: Carlos Ruiz Zafón
Editora: Suma das Letras
Páginas: 680
Nota: 5
(1.Não gostei 2.Gostei pouco; 3.Gostei;
 4.Gostei bastante; 5.Adorei)

“Uma história não tem princípio nem fim, só portas de entrada”.

Eu já começo essa resenha dizendo que jamais escreverei à altura do que esse livro realmente representa. Voltar a ler sobre personagens queridos como Daniel Sampère e Fermín foi simplesmente maravilhoso e ainda mais dentro dessa trama sensacional que culmina a quadrilogia espetacular de amor aos livros iniciada pelo lindíssimo A Sombra do Vento.

Não dá nem pra pensar em como explicar as tantas reviravoltas mesclando presente e passado, personagens antigos e queridos com novos personagens fantásticos e percorrendo caminhos tortuosos até finalmente juntar todas as pontas soltas e fechar a história com maestria. Certo, como já viram, é uma resenha passional. Não consigo ser imparcial quando escrevo sobre essa história porque Zafón me conquistou irremediávelmente.

Confesso que como li os três primeiros livros em seus lançamentos e portanto há bastante tempo, muitos detalhes me escaparam, mas não impediram a minha experiência de leitura pois como bem explicado no início desse livro e na frase que escolhi pra iniciar essa resenha: uma história tem muitas portas de entrada e é possível ler os livros de Zafón separadamente ou fora de ordem pois cada um é uma história em si mesmo.

Neste livro conhecemos a personagem Alícia, que diga-se de passagem entrou pro hall de personagens favoritas da vida. Ela nasceu em Madri e teve a vida salva por Fermín durante a guerra que assolou Barcelona, mas acabam se perdendo de vista e seguem rumos separados. Alicia se torna uma investigadora talentosíssima e sombria e é a ela que a polícia recorre para descobrir sobre o desaparecimento misterioso do ilustre Ministro Maurício Valls. A partir daí somos arrastados, entre idas e vindas ao passado, a uma trama maravilhosa que aos poucos vai unindo os destinos dos nossos personagens queridos e revelando segredos que nunca imaginávamos.

A narrativa especial de Zafón traz o melhor e o pior de seus personagens a tona, nos mostrando a realidade nua e crua da natureza humana. Tudo isso permeado por cenários que vão de lugares sombrios e escabrosos a encantados e belos, além é claro do fato de o leitor estar o tempo todo cercado por citações, personagens e livros, fechando com chave de ouro o encantamento dessa obra. Estou completamente emocionada e envolvida com a história desse livro que recomendo a todos!

Belíssima experiência literária!

Recordações

“As recordações que enterramos no silêncio são as que nunca deixam de nos perseguir”.

. Carlos Ruiz Zafón in O Labirinto dos Espíritos .

Vírus

“Um ano é muito para os tempos atuais. Nos dias de hoje as pessoas esquecem rápido. É como um vírus, mas ajuda a sobreviver”.

. Carlos Ruiz Zafón in O Labirinto dos Espíritos .

Destino

“A maioria dos mortais nunca chega a conhecer o seu verdadeiro destino; simplesmente somos atropelados por ele. Quando levantamos a cabeça e o vemos se afastar pela estrada já é tarde e temos que trilhar o resto do caminho pela valeta daquilo que os sonhadores chamam de maturidade. A esperança é apenas a crença de que esse momento ainda não chegou, de que conseguiremos ver o nosso verdadeiro destino quando ele se apresentar e poderemos pular a bordo antes que a oportunidade de ser nós mesmos se desvaneça para sempre e nos condene a viver no vazio, com saudades do que devia ter sido e nunca foi”.

. Carlos Ruiz Zafón in Labirinto dos Espíritos .

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