Resenha: 80 anos de poesia – Mario Quitana


Livro:
 80 anos de poesia
Autor(a): Mario Quintana
Editora:
 Editora Globo
Páginas: 206

Nota: 5
(sendo: 1- Não gostei 2- Gostei pouco; 3- Gostei; 4- Gostei bastante; 5Adorei)

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Poesia em tudo!
Mario Quintana é de uma doçura infinita. Só de olhar a foto dele atrás do livro me veio um sorriso ao rosto. Tenho para mim (e sei que não posso dizer pois não o conheço intimamente) que Mário era um ser especial. Alguém que vê poesia em tudo, desde as menores coisas até as mais improváveis, só pode ter um coração magnífico e uma alma iluminada!

Neste livro que abrange os 80 anos de poesia do autor, incluindo seus principais livros como “A rua dos Cataventos”, “Sapato Florido” e “Baú de Espantos”, pude notar o quanto quintana tinha a poesia no sangue, conseguia enxergá-la em qualquer objeto e qualquer cenário e foi isso o que mais me chamou atenção nesse livro.

Principalmente quando li “Parada km77”:

…até onde irá a procissão dos postes, unidos, pelos fios, à mesma solidão?

Dentre inúmeras outras tão belas quanto esta. Como é o caso de “A carta”, “O poema”, “Epílogo” e “Crônica”. Mario emociona, cativa com sua escrita simples e tão poética. É impossível não sorrir ou se identificar pelo menos com algo que ele tenha escrito. E para finalizar, uma das coisas mais lindas que já li de Quitana:

“Da vez primeira em que me assassinaram perdi um jeito de sorrir que eu tinha… Depois, de cada vez que me mataram, foram levando qualquer coisa minha…”

Leitura recomendada!

O Tempo não Importa

Na convivência, o tempo não importa.
Se for um minuto, uma hora, uma vida.
O que importa é o que ficou deste minuto,
desta hora, desta vida…
Lembra que o que importa
… é tudo que semeares colherás.
Por isso, marca a tua passagem,
deixa algo de ti,…
do teu minuto,
da tua hora,
do teu dia,
da tua vida.”

Mário Quintana

O que acontece com as crianças

Aprendi a escrever lendo, da mesma forma que se aprende a falar ouvindo. Naturalmente, quase sem querer, numa espécie de método subliminar. Em meus tempos de criança, era aquela encantanção. Lia-se continuamente e avidamente um mundaréu de história (e não estórias) principalmente as do Tico-Tico. Mas lia-se corrido, isto é, frase após frase, do princípio ao fim.
Ora, as crianças de hoje não se acostumam a ler corretamente, porque apenas olham as figuras dessas histórias em quadrinhos, cujo “texto” se limita a simples frases interjeitivas e assim mesmo muita vez incorretas. No fundo, uma fraseologia de guinchos e uivos, uma subliteratura de homem das cavernas.
Exagerei? Bem feito! Mas se essas crianças, coitadas, nunca adquiriram o hábito da leitura, como saberão um dia escrever?

Mario Quintana in 80 Anos de Poesia

Bibliotecas

Um dia veio uma peste e acabou com toda vida na face da Terra:
Em compensação ficaram as Bibliotecas…
E nelas estava meticulosamente escrito o nome de todas as coisas!”

. Mário Quintana in As Bibliotecas, Preparativos de Viagem, 1987 .

Conviver

A arte de viver é simplesmente a arte de conviver
… simplesmente, disse eu? Mas como é difícil!

. Mario Quintana .

Bom poema

Um bom poema é aquele que nos dá a impressão de que está lendo a gente … e não a gente a ele!”

Mario Quintana .