Resenha: Coraline

Livro: Coraline
Autor(a): Neil Gaiman
Editora:
Rocco
Páginas: 160
Nota: 5
(1.Não gostei 2.Gostei pouco; 3.Gostei;
4.Gostei bastante; 5.Adorei)

Coraline, foi o primeiro livro que Neil Gaiman escreveu para o público infantil e já acertou na mão!! É o tipo de livro que tem todo o esteriótipo do livro infantil, mas que não tem idade certa para a leitura. Ele é para todas as idades, e o mais genial é que cada idade vai entender aquilo que é necessário entender da história naquele momento. Porque Neil Gaiman conta uma história nas linhas e outra nas entrelinhas, criadas para encantar e assombrar.

A história começa com Coraline se mudando para uma nova cidadezinha com seus pais. Eles passam a morar em uma casa antiga, tão grande que foi dividida em quatro apartamentos vendidos separadamente. Apenas um deles ainda não foi vendido e está fechado. Nos demais moram Coraline e a família, duas senhoras ex-atrizes e um senhor que diz treinar ratos para um número de circo. Coraline vive explorando sua nova casa, enquanto seus pais trabalham e não tem muito tempo pra ela. Em uma das brincadeiras para se distrair, ela conta quantas portas a casa possui e descobre uma porta misteriosa que quando aberta dá para uma parede de tijolos que separa sua casa do apartamento vazio. Num dia chuvoso, sozinha em casa, Coraline decide checar essa porta novamente e descobre que a parede de tijolos sumiu e em seu lugar está uma passagem escura que a leva para sua própria casa, só que bem mais divertida e atraente. Nela, encontra seus pais, um pouco diferentes, com botões no lugar dos olhos e aparentemente bem mais afetuosos e com tempo pra ela. O gato que foge dela na casa de antes, nesta casa até conversa com ela, e ela finalmente conhece os ratos de circo que o Senhor insistia que treinava, mas que ela nunca tinha visto. Tudo é muito melhor que o original nessa nova versão de seu lar e seus pais diferentes querem convencê-la a ficar e colocar botões em seus olhos. Apesar de todas as coisas boas desse lugar mágico, Coraline sente que tem algo errado e recusa a oferta, se vendo em apuros e tendo que enfrentar desafios para sair daquele lugar e salvar seus pais verdadeiros.

É uma história grandiosa contada com simplicidade e poesia, os acontecimentos vão sendo descritos com uma sutileza tenebrosa. São retalhos dos nossos próprios medos. As personagens são profundas e inesquecíveis, nos fazendo refletir sobre as muitas faces que cada um esconde sobre sutilezas e sorrisos e os diálogos, mesmo os mais pequenos, tem sempre muito a dizer.

Do início ao fim do livro você é colocado a refletir sobre o que é real e o que não é e como as pessoas não conseguem esconder de todo suas verdadeiras naturezas. Me encantou muito como ele construiu a personagem Coraline, que apesar de ser uma criança, é extremamente esperta e consegue pressentir perigos e reconhecer certas situações com grande clareza. Sinto que as crianças são muito subestimadas hoje em dia e acabam crescendo sem atitude e pouco criativas por conta disso. Gaiman confiou que Coraline seria capaz, nós leitores também confiamos, embora com medo. Mas como ela mesma diz….

“quando você tem medo e faz mesmo assim, isso é coragem”.

12.03[20] – Dia do Bibliotecário

“Eu não seria quem sou sem bibliotecas. Eu era o tipo de criança que devorava livros, e meus momentos mais felizes quando garoto eram quando convenci meus pais a me deixar na biblioteca local a caminho do trabalho, e eu passei o dia lá. Eu descobri que os bibliotecários realmente querem ajudá-lo: eles me ensinaram sobre empréstimo entre bibliotecas” 

Neil Gaiman

Parabéns a todos os Bibliotecários que assim como eu, são apaixonados pela sua profissão e assim transmitem o amor aos Livros ♥️♥️♥️

Sobre ser uma pessoa horrível

Roubartilhado daqui:

Alguém perguntou para o Neil, em seu Tumblr, sobre como ser uma pessoa mais gentil. Esta é sua resposta. Post traduzido do Tumblr do Neil.

30seasons perguntou: “Caro Neil, eu sou uma pessoa horrível. Como ser mais gentil, por favor?”

Neil Gaiman: As vezes, eu suspeito que todos nós somos pessoas horríveis. Ou, pelo menos, somos pessoas humanas. Mesma coisa. Somos impacientes, gostamos de julgar, irritantes e irritados, mal humorados, facilmente ofendidos e todo o resto. Então, como ser mais gentil, se isso não vem naturalmente? Fingindo. Finja um pouco de cada vez. Porque não há realmente nenhuma diferença entre fazer algo de bom para alguém porque você é naturalmente santo e perfeito, e fazer algo de bom para alguém porque você é secretamente demoníaco e tenta encobrir. Ainda é um ato de bondade de qualquer maneira, e você ainda tornou as vidas dos outros melhores. Sorria para as pessoas. Diga olá. Pergunte sobre suas vidas. Lembre-se o que eles já lhe disseram sobre suas vidas. Fazer pequenas coisas para tentar ajudá-los. (Eles não vão saber que você é horrível, não se preocupe. Eles só vão perceber que você está ajudando). Dê às pessoas o benefício da dúvida. Lembre-se que mais frequentemente a culpa é da estupidez e não da maldade, que todos podem estragar tudo (incluindo você) e o que é importante é aprender com isso. Pense “O que uma pessoa verdadeiramente mais gentil faria agora?” — E faça isso. Não se espanque quando você falha. Basta ser tão gentil com você mesmo como você será para os outros — mesmo que você tenha que fingir. E boa sorte.

Outra pessoa

De todas as maneiras que importavam, eu estava morto. Dentro de mim, em algum lugar, talvez eu estivesse gritando, chorando e uivando como um animal, mas aquela era outra pessoa, lá dentro, outra pessoa que não tinha acesso ao rosto, lábios, boca e cabeça, portanto, na superfície eu apenas dava de ombros, sorria e continuava em movimento”.

. Neil Gaiman in Coisas Frágeis 2 .

Caminho

Às vezes, podemos escolher o caminho por onde seguimos. Em outras, nossas escolhas já foram feitas. E algumas vezes, simplesmente não temos escolha”.

. Neil Gaiman in Sandman .

Encarar o fato

Por que eles culpam a mim pelos seus defeitos? Usam meu nome como se eu passasse o dia inteiro instigando-os a cometerem atos que, de outra forma, achariam repulsivos. ‘O demônio me forçou’. Nunca forcei ninguém a fazer nada. Nunca. Eles vivem suas vidas medíocres. Eu não as controlo de maneira alguma. Então eles morrem, vêm para cá (tendo transgredido o que acreditavam ser certo) e esperam que seus desejos de dor e retribuição sejam satisfeitos por nós. Eu não os faço vir para cá. Eles falam de mim como se eu andasse por aí comprando almas na feira, e nunca pararam para se perguntar por quê. Eu não preciso de almas. E como alguém pode comprar uma alma? Não. Eles pertencem a si mesmos… Mas odeiam ter que encarar o fato”.

. Neil Gaiman in Sandman .

Coisas Frágeis

A peculiaridade da maioria das coisas que consideramos frágeis é o modo como elas são, na verdade, fortes. Havia truques que faz íamos com ovos, quando crianças, para demonstrar que eles são, apesar de não nos darmos conta disso, pequenos salões de mármore capazes de suportar grandes pressões, e muitos dizem que o bater de asas de uma borboleta no lugar certo pode criar um furacão do outro lado de um oceano. Corações podem ser partidos, mas o coração é o mais forte dos músculos, capaz de pulsar durante toda a vida, setenta vezes por minuto, e não falhar quase nunca. Até os sonhos, que são as coisas mais intangíveis e delicadas, podem se mostrar incrivelmente difíceis de matar”. 

. Neil Gaiman in Coisas Frágeis .