“A vida era boa. O sol, quente. Mas os seres humanos?”.
. Virgínia Woolf in Mrs. Dalloway .
"Sempre conservei uma aspa à direita e outra à esquerda de mim". {Clarice Lispector}
“A vida era boa. O sol, quente. Mas os seres humanos?”.
. Virgínia Woolf in Mrs. Dalloway .
“Porque é uma baita pena jamais dizer o que se sente, pensou”.
. Virgínia Woolf in Mrs. Dalloway .
“Nada mais fascinante do que entrever a verdade existente por trás dessas imensas fachadas de ficção – se a vida é de fato verdadeira, se a ficção é mesmo fictícia. E, provavelmente, a conexão entre as duas é extremamente complicada”.
. Virgínia Woolf in Mrs. Dalloway .
“Não havia prazer que se igualasse, pensou ela, endireitando as poltronas, ajeitando um livro na estante, tendo-se esvaído os triunfos da juventude e perdido a si mesma no processo de viver, para então reencontrar tudo isso, com um jorro de alegria, no raiar do dia, no cair da noite”.
. Virgínia Woolf in Mrs. Dalloway .
“Pois a verdade (por mais que ela ignorasse) é que seres humanos são incapazes de bondade, ou fé, ou caridade, para além do que se presta a aumentar o prazer do momento”.
. Virgínia Woolf in Mrs. Dalloway .
“Não dá pra ter filhos num mundo assim. Não dá pra perpetuar o sofrimento, multiplicar essa raça de feras devassas, desprovidas de emoções duradouras, reféns do capricho e da vaidade que as compõe e as conduzem ora para um lado, ora para o outro”.
. Virgínia Woolf in Mrs. Dalloway .
“(…) ainda sofria mudanças de humor; dias bons e dias ruins sem muito motivo”.
. Virgínia Woolf in Mrs. Dalloway .
Lindo!
Eu estou me apaixonando por Virgínia Woolf. A autora segue um estilo de escrita, familiar a mim por conta da paixão por Clarice Lispector, conhecido como fluxo de consciência, que é uma técnica literária em que se procura transcrever o complexo processo de pensamentos do personagem, mesclando o raciocínio lógico e as impressões pessoais momentâneas e captando os processos de associação de ideias. É preciso desacostumar da estrutura narrativa de começo, meio e fim e adentrar num universo mais árido, talvez, porém extremamente rico em reflexões e auto conhecimento. E eu adoro esse tipo de narrativa.
Mrs. Dalloway nos apresenta Clarissa Dalloway e narra um dia inteiro em sua vida. Isso mesmo, as quatrocentas páginas do livro contam a história de um único dia na vida de Clarissa, desde a manhã quando decide, ela mesma, ir comprar as flores para a festa que dará a noite, até o momento da tão esperada festa. E isso foi o que achei mais fantástico nesse livro. Pode parecer fútil a princípio, mas já nos primeiros passos da caminhada de Clarissa até a floricultura você percebe que não será apenas um dia comum. Acontece tanta vida dentro de um único dia, são tantos acontecimentos, pensamentos, reflexões, pessoas que vem e vão se cruzando pelas ruas de Londres que percorremos ao lado de Clarissa, sem sequer imaginar conhecer umas às outras e no entanto parecendo estar ligadas de alguma forma.
Nessa caminhada, conhecemos alguns personagens e seus pensamentos. Dentre eles Septmus Smith, um veterano da primeira guerra mundial que sofre com problemas psicológicos causados pela perda de um grande amigo e nos deparamos com uma mente conturbada, com pensamentos suicidas e alucinações. Ao seu lado sua esposa tenta, em vão, ajudá-lo, mas ele sente-se incompreendido e solitário em sua dor. Aos poucos percebemos que a narrativa do livro está dividida entre esses dois personagens principais: Clarissa e Septimus e que apesar de nunca se encontrarem ou nunca terem se conhecido, tem uma espécie de ligação, como os dois lados de uma moeda.
Outros personagens importantes também são apresentados nesse dia como Peter Walsh e Sally Seton, amigos da juventude e que são parte de suas memórias mais felizes, e até mesmo Richard, marido de Clarissa e sua filha Elizabeth. Vamos conhecendo um pouco de cada um desses personagens ao longo do dia e das memórias da protagonista e dos próprios personagens, nos presenteando com diversas visões de um mesmo momento/situação.
O livro traz poucos diálogos e é muito reflexivo, levantando questões e críticas sobre a condição e as relações humanas, o amor (todo tipo de amor), o papel da mulher, o tratamento de doenças psicológicas/psiquiátricas, traumas pós-guerra, além de retratar uma Londres do século XX, nos ambientando na cidade e construindo um retrato da sociedade da época. Afora tudo isso, essa edição da Antofágica tem como coordenadora editorial a Bárbata Pince (sou fã), traz apresentação da Mell Ferraz do Blog Literature-se (tb sou fã rs) e ilustrações lindíssimas da Sabrina Gevaerdy (que virei fã rs) que auxiliam na compreensão do texto e deixam a leitura ainda mais linda!
Para finalizar ressalto a beleza da narrativa de Virgínia e sua extrema importância na literatura. Com toda certeza, recomendo muitíssimo a leitura!
“Dona daquele dom extraordinário, aquele dom de mulher, de criar um mundo próprio onde quer que fosse”.
. Virgínia Woolf in Mrs. Dalloway .
“(…) estava fadado a sobreviver”.
. Virgínia Woolf in Mrs. Dalloway .